Um dos últimos livros que li há alguns meses foi Atenção Plena (Mindfulness): Como encontrar a paz em um mundo frenético e acredito que essa leitura mereça ter um espaço aqui no blog, principalmente se você estiver buscando lidar melhor com o estresse, a ansiedade & os pensamentos incessantes que sobrecarregam a sua mente. Os aprendizados que irei compartilhar com você irão te ajudar demais a usar a técnica mindfulness para construir uma jornada mais leve, intencional & presente.

Mas antes de tudo, o que é o Mindfulness? É uma técnica muito estudada pelo campo da ciência com diversas evidências científicas que comprovam a sua eficácia e muito usada dentro da Terapia Cognitivo Comportamental, que consiste em direcionar a sua atenção de maneira intencional & consciente para o momento presente sem julgamentos. Significa treinar a sua atenção e o seu foco para estarem no aqui e agora aceitando como a vida é e se apresenta nesse exato momento.

Na maioria das vezes, ou a nossa mente está remoendo coisas que aconteceram no passado, seja 1 ano atrás, algumas semanas ou até mesmo horas antes, talvez uma discussão que você teve com o seu parceiro ou um feedback negativo que recebeu no seu trabalho, ou os seus pensamentos estão direcionados no futuro, em coisas, acontecimentos e situações que ainda nem aconteceram e você está imaginando vários cenários e hipóteses, na maioria das vezes, negativos e catastróficos.

Dificilmente a nossa mente está realmente prestando atenção nas coisas que estão acontecendo no momento presente. Na maior parte do tempo, ela está divagando entre o passado e o futuro. E claro que você pode estar pensando que é algo tão simples e fácil, mas saiba que direcionar 100% da nossa atenção para aquilo que existe agora, sejam sensações, sons, detalhes, imagens, movimentos ou tarefas, é algo bem desafiador.

É muito comum quando estamos tristes, desanimados, desmotivados ou experienciando uma emoção que consideramos negativa, como estresse, raiva ou ansiedade, querer que essa emoção passe o mais rápido possível e vá embora num piscar de olhos. Talvez você diga a si mesma que não deveria estar se sentindo desse jeito, ou se crítica por estar para baixo quando, na verdade, você acredita que “deveria” estar feliz com a vida que tem, ou acredita que é errado se sentir assim e acaba varrendo tudo isso para debaixo do tapete.

E por pensar assim, você acaba tentando anestesiar todas essas sensações internas com outras distrações imediatas, como Netflix, redes coisas, memes engraçados no TikTok, ou se refugindo em doces e IFOOD. Quanto mais tentamos fugir das nossas emoções, que são reações normais e que fazem parte de toda a nossa bagagem evolutiva & dos nossos aspectos neurais, mais iremos intensificar o que sentimos. Tente se lembrar de um momento em que você estava ansiosa no seu passado, e ao tentar acabar com essa emoção, advinha o que aconteceu? Ela piorou.

O mindfulness te ajuda a vivenciar as suas emoções entendendo que naturalmente elas vão ir embora, mas para isso, precisamos primeiro acolhê-las ao invés de vê-las como um problema a ser resolvido, porque na maioria das vezes, negligenciar o que sentimos apenas nos leva a piora do nosso humor, e a possibilidade de autoalimentar essa sensação com mais pensamentos negativos, frustrantes & disfuncionais. Tenho certeza que você não quer transformar emoções temporárias em problemas persistentes a longo prazo, né?

Todas as emoções ruins que você já sentiu em toda a sua vida, com o tempo, foram se dissolvendo, porque o que sentimos não dura para sempre, se estivermos dispostos a ouvir e abraçar essas emoções, validando-as e abrindo espaço para existirem, porque ansiedade, estresse & raiva, e qualquer outro sentimento, sempre vão existir, porque somos humanos. Você não precisa lutar contra elas, mas quando estiverem presentes, sentir e prestar atenção em como é sentir essa emoção, quais reações gera no seu corpo, quais pensamentos desencadeia, é o primeiro passo. Fazer isso com DISTANCIAMENTO te ajuda a perceber que você não é as suas emoções.

É importante ressaltar que a atenção plena não diz “não se preocupe” ou “não fique triste”, ela reconhece o medo, a tristeza, a fadiga, a exaustão, e o encoraja a se voltar para aquelas emoções que ameaçam a nossa paz e equilíbrio. Não é uma fuga dos problemas.

Você já reparou que pessoas que vivem uma mesma situação reagem a ela de maneira diferente? Isso acontece porque a nossa mente atribui um significado a cada uma das nossas vivências de acordo com as nossas crenças e ideias que já temos formuladas.

Nossos pensamentos não são quem somos, e tão pouco definem quem somos ou a nossa realidade. Você consegue observar cada um dos seus pensamentos e ter consciência do que se passa dentro da sua mente, certo? Isso é a prova de que se conseguimos observar algo, quer dizer que não somos esse algo. Se a cada pensamento, ideia, observação ou análise que o seu espaço mental faz de tudo ao seu redor, você já leva a ferro e fogo, então é bem provável que você se torne alguém reativa com o tempo e que tome decisões no impulso. Veja seus pensamentos como hipóteses e seja como um cientista que busca explorar a realidade e verdade por trás deles.

Com a prática do mindfulness, como a meditação focada no presente, você abre espaço para estar consciente desse fluxo incessante de pensamentos que passam pela sua mente a todo segundo da sua existência, conseguindo nomeá-los como “preocupação”, “planejamento”, “futuro”, “crítica”, “passado”, e da mesma forma que esses pensamentos surgem, também irão desaparecer se você soltá-los, porque você evitará alimentá-los com ainda mais memórias, conceitos & observações distorcidas.

Quando estamos no modo Atuante, e a maioria das pessoas está nesse modo, é quando sobrevivemos no piloto automático, alheia ao mundo ao redor, e apenas reagindo a tudo o que nos acontece, porém, sem nutrimos uma consciência no momento presente que nos ajude a tomar decisões com base na calma e não apenas na pressa e urgência de querer tudo resolvido o mais rápido possível. Decisões assertivas & conscientes.

Eu acredito que a sensação de que o tempo está voando vem muito de estarmos vivendo nesse tal do piloto automático. O modo Existente vem à tona quando espontaneamente nos comprometemos a viver os nossos dias e a nossa rotina, prestando atenção de forma deliberada no aqui e agora, sem julgamento, percebendo as coisas como de fato são e não como gostaríamos que fosse, ou reclamando de tudo que não está como gostaríamos que estivesse.

Não é problema nenhum automatizarmos alguns hábitos que são essenciais, como tomar água o suficiente, dormir bem, comer frutas, a leitura, etc., porém o problema é quando a maioria dos hábitos que já temos introduzidos na nossa rotina são prejudiciais a longo prazo ou já trazem efeitos negativos de imediato. Por isso uma boa maneira de ativar o modo Existente é através da prática do mindfulness em pequenas ações diárias que na maior parte do tempo passam despercebidas.

Quando estamos estressados com as tarefas do dia a dia, ou engolidos pelos problemas no trabalho, nos relacionamentos ou em qualquer aspecto da nossa vida, é muito normal que nos deixemos levar por essas sensações, ao invés de vê-las, como o autor diz, como apenas nuvens negras e observá-los com curiosidade enquanto se afastam.

Os efeitos disso na nossa rotina é que cada vez mais vamos abrindo mão das coisas que gostamos e que nos fazem sentir bem no dia a dia. Tentemos a deixar a academia em segundo plano, não meditamos no dia, pulamos o almoço e pedimos um fastfood qualquer, deixamos aquele hobby para depois, ou uma prática de ioga, ou qualquer atividade que consideramos “trivial” e por vezes “desnecessária”. É por isso que existe algo chamado Funil do Estresse. Quanto mais estressados ficamos, mais tendemos a eliminar coisas prazerosas que trazem bem-estar, o que equivale à parte de baixo de um funil.

Mas, no fundo, são essas atividades que garantem que a gente teça o nosso PARAQUEDAS. Nessa metáfora, quando estamos indo em direção ao chão ou caindo de um precipício, que é a sensação que temos quando estamos sobrecarregados e a beira da exaustão, é abrir o nosso paraquedas que vai garantir o equilíbrio e a manutenção do nosso bem-estar, coisas como meditação, academia, exercício físico, corrida, uma leitura leve, ioga, etc. São nos momentos de estresse que jamais podemos ABRIR MÃO e nem colocar em segundo plano essas atividades.

Outra sensação bem comum nos momentos de estresse é da que estamos perdendo o controle, ou a percepção de que as coisas estão simplesmente acontecendo sem a nossa permissão ou interferência. Sabe aquele famoso “não tem nada que eu possa fazer, as coisas fugiram totalmente do meu controle”? É exatamente isso que passa pela nossa cabeça. Uma boa estratégia é usar o mindfulness, ou seja, pegar alguns minutos, para fazer algo que está sempre dentro do seu controle: FOCAR NA SUA RESPIRAÇÃO.

Respirar é algo que você não controla, porque simplesmente acontece. Esteja atento e observando os movimentos da sua respiração no seu corpo, como do adomem, ombros, peito, etc. Já existem estudos que comprovam que a meditação focada em mindfulness, mesmo que por poucos minutos, afinal se você for iniciante, meditar por mais de 5min será um grande desafio, diminui a pressão arterial, que normalmente é elevada devido à liberação de cortisol na sua corrente sanguínea (hormônio do estresse).

Em momentos de estresse, faça coisas que vão elevar a sua sensação de controle. Foque em ações que estejam dentro das suas responsabilidades e do seu alcance, nada de inventar coisas que estão além de você. Por exemplo: arrumar a cama de manhã, pagar uma conta atrasada, arrumar uma gaveta ou um armário, fazer algo que vem adiando. Caso seja melhor, decomponha a atividade em etapas menores e enfrente apenas uma etapa de cada vez. Fazer isso vai diminuir a sensação de impotência que normalmente temos nesses momentos.

Esses foram os principais aprendizados que tive lendo o livro Mindfulness: Atenção Plena. Se você quer ter um direcionamento de como usar essa prática do seu dia a dia e focada na diminuição da ansiedade, depressão & estresse, é muito importante ter um acompanhamento de um profissional de Saúde Mental, caso tenha interesse em iniciar o processo de psicoterapia comigo, acesse esse link e entre na LISTA DE ESPERA.