A maioria das pessoas está buscando ou pelo menos tentando ter mais clareza mental para tomar decisões, fazer escolhas conscientes e alinhadas e construir seus planos para o futuro, mas como fazer isso se o tempo todo estamos com a mente sobrecarregada e extasiada de informação?

É quase impossível.

O excesso de estímulos externos, informação & conhecimento está nos deixando cada vez mais exaustos e cansados, e nos impossibilitando de ter clareza sobre quem somos, sobre nossa verdadeira identidade, valores e nossa história. É muito difícil ouvir a nossa essência e nossas necessidades internas quando estamos rodeadas por barulhos e ruídos que nunca param. Nossa intuição, nossa parte mais íntima e intrínseca se comunica conosco através do silêncio, do refletir, do internalizar.

Quanto mais tempo você passa consumindo informação de inúmeras pessoas diferentes nas redes sociais, o tempo inteiro querendo ver o que fulano postou, o que aquele famoso está fazendo, as novidades e tendências que estão acontecendo na sua área, pesquisando um milhão de coisas na internet, querendo ficar por dentro de absolutamente tudo e nunca perder uma notícia, MENOS CLAREZA MENTAL VOCÊ VAI TER.

Se você passa a maior parte do tempo consumindo reels, stories, descendo o feed, acompanhando a vida de outras pessoas, enchendo a sua mente de informação e conteúdo sem nenhum filtro, limite ou consciência, mais confusa a sua vida vai parecer e menos direcionamento você vai ter. “Mas Lua, eu trabalho com a internet.” Essa era a principal desculpa que eu me dava quando ainda trabalhava com o Instagram, antes de decidir sair e abandonar essa vida que já não estava mais fazendo sentido para a minha jornada. 

E preciso te dizer uma coisa: não é porque você trabalha online que você precisa sair por aí querendo consumir absolutamente tudo de todas as pessoas que segue. Ainda mais se você trabalha com redes sociais, o melhor conselho que posso te dar é: NÃO FAÇA ISSO. A sua criatividade está sempre tentando se comunicar com você, mas com você imerso em ruídos, em barulhos externos, nessa confusão de informação, você dificilmente vai conseguir prestar atenção no que ela tem a dizer.

Antigamente, esse era um dos meus péssimos hábitos. E por consequência, me lembro que eu estava sempre indisposta, cansada, exausta, ansiosa, impaciente, inquieta, e todos as palavras negativas que você puder encontrar no dicionário, mas eu não conseguia entender o que eu estava fazendo para essa confusão de sentimentos ser tão presente no meu cotidiano, mesmo descansando o corpo, tirando um dia de folga, mesmo relaxando. Então eu descobrir que não estava descansando a mente.

Nessa época, a palavra que eu mais usada para descrever o mundo era CONFUSÃO. Tudo parecia confuso, sem sentido, caótico e sem propósito. Parecia que não havia ordem alguma na minha vida, mesmo que tudo aqui fora estivesse minimamente organizado e alinhado. Mas como encontrar um pouco de sentido se eu gastava quase um dia inteiro vendo a vida de todo mundo, menos a minha? Se a cada minuto, eu me deparava com uma nova informação em um post, uma tendência num story, algum conteúdo na internet?

Pode parecer algo simples, mas tudo isso vai sobrecarregando e esgotando nossa mente, nos afastando da nossa essência, de nós mesmas, da nossa verdade, de quem realmente somos.

Então quando precisamos decidir por qual caminho seguir, qual plano priorizar, qual necessidade olhar, qual rumo adotar, qual escolha optar, a resposta simplesmente não vem. Isso dá lugar a comparação, a inferioridade, aos questionamentos que passam a ocupar nossa vida: “porque o outro consegue e eu não?”, “porque é mais rápido para todo mundo, menos para mim?”, “como as pessoas conseguem ser tão motivadas e eu não?” “fulano da conta de tudo?”, “ciclano está fazendo aquilo, e eu ainda estou aqui”, “porque dá certo para eles, e para mim nada?”, “o que eu estou fazendo de errado?”.

Tudo isso é efeito dessa obesidade mental que gera comparação, sensação de inferioridade, percepção de que tudo é mais fácil para todos. É consequência de sempre colocar o outro como ponto de referência. Se tudo o que você vê por aí, você internaliza e coloca para dentro, que espaço tem para autoconhecimento, internalização, e reflexão? Como ter clareza se tudo aquilo que você se depara, você simplesmente coloca para dentro sem nenhum filtro? Se adotamos a verdade do mundo, dos conteúdos, das informações, que tempo sobra para adotarmos a nossa verdade?

Desde o momento em que comecei a adotar o famoso DETOX DIGITAL como parte fundamental da minha vida, ou pode chamar como a escolha consciente de se manter longe desse consumo desenfreado de informação, conhecimento & conteúdo sem filtro e de maneira descontrolada, tudo fez sentido, ou pelo menos a maioria fez. Foi a primeira vez que ouvi a minha voz interior, a minha intuição, que olhei para as minhas próprias referências, que olhei para dentro.

Adote o hábito de passar longos períodos longe do consumo excesso de informação. Talvez no começo seja um grande desafio, lidar principalmente com o tédio, o ócio e a mente vazia, mas depois de um tempo, as coisas vão clareando um pouco mais, e você vai ficando cada vez mais sensível as suas necessidades, prestando mais atenção em si mesma e dando um tempo de descanso para sua própria mente. 

Um dia que você conseguir manter o compromisso de não consumir nada externo que não venha de uma escolha intencional ou consciente (ex: assistir aquele vídeo daquela pessoa Y), você já vai conseguir perceber a diferença, e quem sabe até a sensação de estar mais leve por não carregar tantos pesos desnecessários. Vai ser estranho nas primeiras tentativas, porque você não está acostumada com a quietude e o silêncio, mas diminuir o volume externo e a intensidade e frequência do consumo de informação, vai te permitir se concentrar em seus planos, objetivos, sonhos, experiências, emoções e sentimentos, de um jeito que nunca conseguiu antes. 

É assim que nossa intuição & criatividade se comunica conosco: através do silêncio.