Luana Galdino

registrando minha jornada

Luana Galdino
Oi, eu sou a Luana, e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando preciso de uma pausa ♡

A história de como perdi a vergonha de treinar na academia

Um dos meus hábitos favoritos e que mais amo na minha rotina hoje é poder treinar na academia, mas nem sempre foi tão fácil assim vestir a roupa de treino e simplesmente ir. Depois de muitas tentativas, falhas, barreiras & obstáculos, posso dizer que fui desenvolvendo a minha coragem e deixando a timidez em uma caixinha.


A minha história com a academia começou alguns meses antes da pandemia e quarentena começar. Lembro que a época era 2021, e eu estava fazendo um estágio em psicologia na Secretaria de Administração Penitenciária atendendo ex-presidiários, e como havia um tempo vago entre o horário do estágio e o horário da faculdade, eu decidi fazer a minha inscrição em uma academia próximo do trabalho que me permitiria ir andando até lá.

Antes disso, eu já havia tentado começar na academia de bairro perto da minha casa, mas desisti alguns dias depois da minha experiência ter sido extremamente ansiogênica e assustadora. Eu sempre admirei pessoas que faziam musculação, mas a primeira vez que tentei integrar esse hábito na minha vida, foi bem desconfortável devido ao meu medo. Mexer naqueles equipamentos era simplesmente assustador, me ver fazendo aqueles movimentos com uma consciência corporal que na época eu não tinha parecia impossível.

Mas decidi tentar novamente por teimosia, e dessa vez fiquei firme por algumas semanas, porém não era fazendo musculação em si. Como o meu medo não me permitia ser constante nos treinos que os instrutores passavam, eu tentei aproveitar o máximo do espaço fazendo aulas de treinamento funcional em grupo, mas meu olhar sempre escapava para aquelas pessoas que treinavam musculação, sempre com um olhar de admiração e contemplação pela coragem que achei que nunca teria.

Até que começou a pandemia, e veio a quarentena. Minha possibilidade era continuar focando no exercício físico de casa, através de aplicativos & vídeos gratuitos na internet, e mesmo sendo em casa, não tive dificuldade em manter a constância e disciplina, pois sempre me senti bem treinando e trazendo um pouco de movimento para o meu corpo.

Quando tudo voltou ao normal, meu estágio já tinha terminado e comecei um novo trabalho no Hospital Presidiário, e como foi uma das épocas mais conturbadas da minha vida, com longas crises de ansiedade, trabalhando em um local desalinhado a minha essência e fazendo algo que não via propósito junto a minha jornada e nem um porquê de estar ali, eu fui adoecendo psicologicamente, e durante as férias da faculdade, eu decidi pagar um mês de academia para me “desestressar” e poder “descontar” aquelas emoções na atividade física, e foi uma escolha simples, porque eu comecei a treinar com o Paulo, meu marido.

Foi nesse exato momento em que decidi me tornar constante na academia e manter a disciplina na musculação; foi aqui que decidi vencer os meus medos e inseguranças, e manter o meu compromisso com esse hábito, e claro que deu tudo errado por alguns longos meses. Ir para academia, ao mesmo tempo que era mágico e me fazia me sentir bem, focada & disciplinada por saber que eu estava cuidando e horando o meu corpo, era também um momento desesperador, tanto que muitas vezes eu deixada de ir por saber que o meu marido não poderia ir comigo e eu teria que ir sozinha.

Eu faltava muito. Não conseguia manter a constância, mas estava lá tentando e recomeçando mais uma semana, e muitas vezes no meio do caminho, eu ficava vários dias sem fazer um treino se quer. Então decidimos nos mudar para um novo bairro, e começamos em uma nova academia & foi muito desafiador honrar a minha palavra em um local totalmente desconhecido. Muitas vezes, o máximo que eu conseguia ir eram três vezes por semana, e nos outros dias, eu dava algumas desculpinhas bem fajutas: falta de tempo, preguiça, dia estressante, etc., mas o principal motivo era a minha vergonha e timidez.

Eu morria de medo de fazer algo errado enquanto treinava, de passar algum vexame e estar fazendo algo totalmente estranho e alguém rir de mim. Tinha medo de incomodar os professores para tirar alguma dúvida ou perguntar algo. Ficava ansiosa quando alguém olhava para mim, porque minha mente já dizia que eu estava errando algum movimento, e que eu nunca seria boa o bastante para treinar certo. Eu tinha a impressão de que absolutamente todo mundo estava me encarando, de prontidão para rirem de qualquer movimento esquisito que eu fizesse. Ficava em pânico interno de ser corrigida por algum instrutor, e sempre que acontecia, eu me sentia uma pessoa ruim e que nunca seria boa naquilo.

Claro que sobrevivi a tudo isso e fui lidando aos poucos com esse medo, porém ainda não conseguia ser constante da maneira como eu gostaria. Eu ia duas vezes na semana, e de vez em quando, conseguia ir três, mas com muito sacrifício e luta. Paguei um ano inteiro de academia para não dar o meu melhor e deixar o medo vencer quase todas às vezes, mas cada vez que eu ia, hoje consigo perceber que foi uma vitória que não reconheci e nem dei tanto valor assim. Eu não era constante não porque eu não tinha capacidade para isso, mas porque o medo sempre ganhava, todas às vezes. Até o dia em que recebi o resultado de um exame e uma alteração que me fez tomar a decisão definitiva de ir, não importasse o tamanho do meu medo naquele momento.

Me lembro como se fosse ontem aquele dia 28 de novembro de 2023 em que jurei a mim mesma, com todas as minhas forças, que não deixaria a timidez e nem a vergonha ser um problema para mim, pelo menos não na academia. Não foi uma escolha fácil.

Mas desde esse dia, posso dizer que 80% da minha timidez foi colocada dentro de uma caixinha e ela já não me acompanha mais nos meus treinos. O que ninguém fala quando começamos novos hábitos é que vamos falhar muitas vezes, e com falhar não quero dizer que será dentro de algumas semanas ou meses, mas de anos, muitas vezes. Eu comecei a minha tentativa de ser constante na academia lá em 2021 & foram 3 anos tentando, desistindo, recomeçando, me entregando ao medo, abrindo mão, mas eu consegui, porque EU NÃO PAREI, mesmo com imperfeições e com a maioria das coisas não acontecendo como planejei e visualizei.

Se você está alguém tímido, e digo isso por que VOCÊ NÃO É TÍMIDO, você simplesmente está essa característica, porque a timidez não te define, não é quem você realmente é e sua essência vai muito além de um rótulo que você mesma se dá, acredite em mim: ninguém está nem aí para você na academia. E se alguém realmente apontar o dedo para você, te julgar ou te criticar, seja pelo seu corpo ou por algo errado que você fez, ali não é lugar que essa pessoa deveria estar. 


Sabe quantas vezes eu errei na academia? Muitas vezes. Já vivi muitos momentos vergonhosos, em que o peso escorregou da barra, a barra quase voou para um lado, em que quase tropecei, e muitos outros, até recebi ajuda nesses instantes de outros alunos e ninguém riu de mim, E EU SOBREVIVI A TUDO ISSO E NENHUM DOS MEUS MEDOS SE TORNARAM REALIDADE. Claro que quando eu chegava em casa falava que nunca mais iria, que desistiria, que esse universo da musculação não era para mim, mas eu estava lá no dia seguinte tentando me corrigir e fazer certo mais uma vez.

Não foi o fim do mundo. O mundo não parou porque fiz algo errado.

Tudo é difícil no começo, principalmente sobre hábitos, e um hábito que envolve um novo ambiente, com pessoas desconhecidas, com equipamentos esquisitos, parece uma zona de guerra ou uma estrada para o inferno, como já diz a música do AC/DC. Mas com o tempo, a medida que você for se expondo, experienciando e praticando, tudo vai se tornando menos assustador. Se você sempre fugir, como eu fiz por muito tempo, esse processo vai demorar muito mais, vai ser muito mais desafiador quando você quiser se comprometer de verdade. 

Um dia essa sensação de medo passa, acredite em mim. Vai chegar um dia em que ela não vai mais te botar para correr.

Todo mundo que está ali treinando um dia já foi iniciante, já teve as mesmas dúvidas, receios, inseguranças e angústias. Ninguém começa treinando sabendo tudo e nem sendo a pessoa mais confiante do mundo. Com o tempo, você se acostuma com as pessoas no mesmo ambiente, e passa a nem focar tanta atenção nelas. Você começa a ficar perdido em seus próprios pensamentos, preocupações & ideias, que é como existisse apenas você na academia, você e o seu fone de ouvido e sua música tocando.

Hoje parece uma realidade distante e um sonho saber que desde o dia 28 de novembro de 2023, realizei o meu sonho de fazer da musculação parte essencial da minha vida & rotina, e agradeço a toda jornada que vivi desde 2021, com suas muitas falhas e desistências, porque elas me levaram a me interessar por Psicologia do Esporte, e como eu sempre falo, absolutamente nada na nossa história acontece em vão ou sem um propósito, ou sem ter um significado. Se eu não tivesse vivido tudo isso, esse texto não estaria sendo escrito e muito menos você estaria lendo ele. Agradeço a Luana que suportou e resistiu, e lutou aos trancos e barrancos essa batalha.

Comece, porque a sua versão do futuro vai poder olhar para trás e agradecer a VOCÊ por ter dado o primeiro passo. Continue, porque a sua versão do futuro vai poder colher os frutos que você plantar a partir de hoje.

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