Luana Galdino

registrando minha jornada

Luana Galdino
Oi, eu sou a Luana, e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando preciso de uma pausa ♡

A solidão que as redes sociais me causa

É difícil conceituar ou definir a solidão que de vez em quando eu sinto. Não é aquela solidão que vem do fato de não haver ninguém com quem eu possa contar, já que eu tenho plena certeza de que há muitas pessoas para quem eu possa recorrer nos momentos desafiadores e que posso ter um ombro amigo e um porto-seguro nos dias nublados. 


Também não é aquela solidão esmagadora de estar sozinha, já que estar sozinha é um dos meus maiores prazeres, talvez isso soe estranho para a maioria de nós, mas posso afirmar que desde criança fui aprendendo a transformar a minha solidão em solitude e a desfrutar da minha própria companhia com mais leveza & aceitação. Estar só nunca foi um problema para mim, e eu sempre soube me virar muito bem na ausência de amigos, de pessoas íntimas e afastada do mundo. Nada vence a sensação de conforto e paz de poder tomar um chá quente enquanto leio meus livros de ficção em um domingo chuvoso. Poucas coisas podem competir com a minha solitude.

Mas a solidão que ocasionalmente me visita é aquela que vem da sensação de, muitas vezes, estar falando sozinha dentro das relações humanas. De escutarem, mas não ouvirem. Eu acredito que a maior ação de amor, afeto e compaixão que podemos dar a outro ser humano é a nossa atenção, e hoje em dia, atenção tem valido mais que ouro. Empresas competem para ganharem um minuto da nossa atenção. Marcas fazem de tudo para serem notadas e vistas em um mar infinito de possibilidades. E acho que isso tem acontecido muito dentro das nossas relações: a gente precisa de alguma forma gritar para que o outro nos ouça, e isso cansa.

Está todo mundo conectado ao online, e aqui fora, na vida real, estamos todos desconectados de nós mesmos. É difícil manter um diálogo saudável quando a maioria das pessoas ao seu redor vive com a cara grudada no celular, descendo o feed das redes sociais ou preocupado com a trend do momento. E isso é o que eu mais sinto falta na era em que vivemos: de estarmos presentes em totalidade diante do outro.

Às vezes eu acho que me relaciono com pequenos fragmentos das pessoas, com o que sobra delas depois de serem abduzidas para um universo paralelo onde o que tem mais valor são as métricas, curtidas e seguidores. Com tantos estímulos externos competindo por nossa atenção, parece que precisamos fazer um show de malabarismo para que o outro esteja realmente presente dentro das relações que temos. Aquele “tempo de qualidade” que sempre foi incentivado tem se tornado um item raro de museu. O olhar dentro dos olhos tem sido uma coisa de outro mundo.

Eu sei que isso não deveria me atingir, e com certeza não me atingiria se eu estivesse dentro da mesma bolha que a maioria das pessoas, mas como eu não estou e escolho permanecer o mais longe possível dela, eu sinto falta de estar com pessoas reais, de dividir a mesma atenção com elas, de ver que a outra pessoa também está presente com a mesma atenção, foco e presença que eu, mas as redes sociais têm sequestrado qualquer espaço para que isso aconteça. Nesses momentos, quando percebo como tem sido a qualidade das relações, a solidão me visita, ligeira e rápida, como um aviso de que ela poder estar em qualquer lugar e vir a qualquer instante.

De alguma forma, estamos todos virando zumbis em vida. Tamanha é a fragmentação que fazemos de nós mesmos que já nem cabemos dentro das relações humanas. As redes sociais nos aproximaram do mundo, e como preço, cobram a única coisa mais valiosa que temos: o nosso tempo. As pessoas mal tem tido tempo para ouvirem umas as outras. A pressa tem sido tanta que não tem existido espaço para a compreensão e empatia, e tudo tem sido tão rápido que não há tempo para tentar ser compreensivo e empático. 

Sinto falta de conversar com alguém sem o bendito celular ali no meio de tudo, sem a atenção do outro estar indo constantemente para a tela buscando uma notificação, de tentar me manter presente e íntegra ao que está sendo falado no meio da conversa. É estranho a sensação de expressar, e, ao mesmo tempo, saber que essa expressão nunca chega por completo na pessoa diante de mim, e eu sei que não é por maldade, é apenas por inconsciência, porque as pessoas não têm mais paciência para conversas profundas, íntimas & reais. Eu acho tão triste deixar as redes sociais e o nosso vício nos atrapalhar de criar conexões genuínas, mas quem sou eu para tentar mudar alguma coisa no mundo, não é? Enquanto isso, tento eu abrir mais espaço para a minha solitude entrar.

Pelo menos sei que aquele livro que estou lendo vai estar ali por completo para mim, e eu por inteira para ele. A solitude se transformou em uma companheira desejada, e a amo por não me deixar enlouquecer. E ao contrário da solidão, ela não é sufocante, mas libertadora em muitos aspectos.

O maior ato de amor que podemos fazer por quem amamos é estar realmente presentes dentro da relação, estando ali diante do outro com totalidade e não com fragmentos do que sobra depois das redes sociais consumir toda a nossa energia e vitalidade. E todos os dias, tenho sentido falta disso.

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