Luana Galdino

registrando minha jornada

Luana Galdino
Oi, eu sou a Luana, e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando preciso de uma pausa ♡

Carta aos que perderam a esperança em 2024

Eu parei de julgar os amargurados e ranzinzas. Hoje eu consigo entender o quanto é fácil se deixar levar pela dor & sofrimento, como é tão simples se deixar afundar em amargura e ruminação. A reta final de 2024 me tirou o chão, levou consigo um pouco do brilho, da leveza e da paz que passei os últimos meses tentando abraçar.

2024 foi um banho de água gelada do qual ainda não me sequei. Tem sido dias tão nebulosos que me pergunto quando toda essa água vai me inundar dos pés a cabeça e não terei mais um bote salva-vidas para me garantir de não afundar. É tão estranho estar correndo pelos meus dias e sentir que não há uma referência para me guiar, que não há um destino no qual eu queira chegar, que não há objetivos para me direcionar.

Eu entendo as pessoas que carregam sorrisos amargurados e feridas não curadas no coração. Eu entendo aquelas que passam pela vida sem conseguir lidar com a tristeza. 

Para mim, a tristeza é a emoção mais desoladora, esquisita e pesada de levar nos ombros & na alma. Ela é como um lembrete do que foi perdido e não volta. A tristeza é um pequeno luto por tudo aquilo que poderia ter sido e não foi, por tudo aquilo que nem chegou a existir. É um punhado das coisas, situações e pessoas que partiram e um recorte do que fica. A tristeza é uma dor silenciosa que vai criando um buraco no peito.

Tem dias que esse buraco se transforma em um abismo e sinto vontade de me jogar nele só para descobrir se a escuridão é capaz de devorar a dor, mas há outros dias em que fico na beirada dele implorando para alguém vir me resgatar. A tristeza é tão silenciosa que não há sinal dela nos meus gestos, não há a presença dela na minha rotina, não há um grito ensurdecedor estourando na minha garganta, não há lágrimas banhando meu rosto, não há pedido algum de ajuda, mas ela continua ali, morando em mim & preenchendo meus dias.

2024 foi um capítulo que começou bem e terminou pior do que eu poderia ter imaginado. Esse é um ciclo que agradeço por estar indo embora, mesmo sabendo que as feridas que esse ano deixou vão continuar. Quem sabe 2025 não traga um respiro, uma resposta, uma pausa, um conforto e um recomeço; eu torço para que traga um pouquinho de tudo isso.

Viver é difícil, por isso eu não julgo os maus. Não julgo quem reclama, nem os mal-agradecidos e mal-humorados, nem os de alma dolorida, de sorriso falso, de coração impuro, os egoístas. É tão fácil acordar numa manhã e não conseguir amar o canto dos pássaros, é fácil perder o encanto pela vida, é fácil perder o brilho dos olhos e a leveza da alma, é fácil esquecer de contemplar um céu azul e deixar de ver a beleza que existe ali & nas pequenas coisas. É fácil desistir dos planos, dos objetivos, do que faz a vida valer a pena. A vida consegue ser tão dura com alguns que parece lógico que algumas pessoas construam armaduras ao redor de si mesmas. 

Talvez por aí haja uma luta interna para se manter vivo, não no sentido literal, mas no sentido de continuar abraçando o que te faz se sentir vivo. Eu sei exatamente o que me mantêm viva, mas nos momentos de dor e tristeza, o que me conecta a essas coisas se transforma em um fio tão tênue que a qualquer momento pode se romper. Dá vontade de apertar o soneca um milhão de vezes e voltar a dormir. Dá vontade de deixar a cara toda abarrotada e o cabelo despenteado pelo resto do dia. Dá vontade de deixar a preguiça vencer e não cozinhar, não bater a meta de água, não dar aquele treino pesado. Dá vontade de fechar o livro na primeira palavra da primeira linha do primeiro parágrafo da primeira página. Mas deixar de fazer isso seria o mesmo que escolher deixar de viver.

Não vou mentir, em alguns momentos coloco na balança as vantagens de viver no piloto automático, de entrar no modo vegetativo, me render ao feed do Instagram infinitamente, de me abandonar um pouco a cada dia só para não sentir a tristeza, a frustração; ou como dizem, chutar o balde por completo. Como que eu vou julgar as pessoas que se refugiam e anestesiam um pouco de suas dores nas drogas, no álcool, no cigarro, no sexo, na comida, nas compras? Não é certo, mas todo mundo tem o seu recorte de esperança depositado em alguém, em algo. Cada um de nós carrega a sua própria cruz. 

Engraçado que, ainda assim, prefiro a dor do sofrimento do que a dor da indiferença.

2024 me tirou o chão e não sei onde pisar em 2025. Essa reta final tem sido sobre as lágrimas que choro toda manhã, sobre os soluços que dou no banho, sobre me arrastar a força por tudo aquilo que fica & ajeitar a bagunça, o caos e a dor que a tristeza deixa.

O que me mantém de pé, o que me faz acordar diariamente e enfrentar a vida, suportar mais um dia, encarar mais um nascer do sol é Deus. Acho que grande parte da esperança que eu tinha em mim, na vida, nos planos criados pelas minhas mãos, nas pessoas ao redor, se perdeu, mas a esperança em Deus continua, e isso tem me bastado. Traz um pouco de calmaria compreender que Deus sabe de todas as coisas, e que para Ele, não há ponta solta, não há nada sem propósito e nada sem um porquê.

Em Deus, toda a minha esperança é renovada, porque eu sei que Ele está cuidando de mim, me amparando, olhando para as minhas necessidades e dando o que a minha alma precisa para evoluir, e não o que eu quero. Talvez na nossa mente limitada, nós nunca compreendamos o plano maior, o porquê maior por detrás de todas as coisas, desde as grandes as pequenas, mas nada passa despercebido para Deus. 

Dizem para vivermos um dia de cada vez; eu tenho vivido um milésimo de segundo por vez para não sucumbir a tempestade de coisas dentro de mim. Viver não sido mais sobre um plano mirabolante e objetivos complexos, tem sido sobre como tornar o dia de hoje um pouco melhor do que o de ontem, como tornar o hoje mais tragável.

A esperança é o que une os cacos quebrados da gente que foram ficando pelo caminho. A esperança é a cola super bonder que a gente torce que funcione & dê certo. Esperança é esperar pelo melhor, é acreditar que o bom está a caminho. Nos dias cinzentos, eu tenho lutado para não esperar pelo nada. É como eu li em um livro “espere pelo nada, e você sempre o alcançará”. Eu não quero esperar pela nada, eu quero estar de prontidão esperando a luz no fim do túnel, quero estar de sentinela esperando que o bom me visite em qualquer momento do dia.

Entre as decepções, os fracassos & as derrotas, esquecemos de ver o milagre que existe em cada esquina, em cada olhar, em cada dia nascendo, em cada silêncio. Quando perdemos tudo, é aí que precisamos nos alinhar a esperança, porque afinal, não há mais nada a perder no processo de tentar. Quando a tristeza nos consome, é necessária uma força quase que sobrenatural para enxergar as coisas ao redor pelo que elas realmente são, sem as lentes embaçadas, cinzas & quebradas que a tristeza nos obriga a usar.

Esperança é acreditar que as coisas poderão ser diferentes lá na frente, ou fora de nós, ou dentro de nós. Eu espero que, mesmo que nada possa ser diferente fora de mim, que pelo menos aqui dentro eu encontre um novo jeito de me curar, me adaptar, me reestruturar, me reerguer, do meu próprio jeito e no meu próprio ritmo. Eu tenho esperança de que um dia eu possa definitivamente dar a adeus as partes de mim que morreram, que um dia eu possa aceitar com mais prontidão o que poderia ter sido e não foi. 

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