Luana Galdino

psicologia positiva & bem-estar

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Hoje é o meu dia e parabéns para mim

Eu nunca pensei que estaria escrevendo um post no dia do psicólogo sobre isso. Desculpe, mas eu nunca levei essa data a ferro e fogo, jamais fiz dela uma comemoração gigantesca com direito a fogos de artifício, festividade & celebração, mas hoje é diferente. Hoje eu quero falar sobre isso de maneira espontânea e genuína. Hoje eu quero falar de como venho me sentindo por estar nesse papel de psicóloga.

Olhar para as minhas dores foi o que me fez mais humana. E nem digo isso em relação aos últimos anos. A vida está bagunçada o bastante para eu sentir o caos batendo a porta, a confusão querendo me visitar e a desordem ocupando espaço, nesse exato momento. Não preciso ir muito longe para ver alguns dos meus problemas presentes, afinal, a vida de ninguém é imune a alguns sufocos e pepinos.

Mas acho que passar por algumas aflições - muitas vezes, sozinha, calada, sem ninguém para me escutar de verdade, me ouvir, para dizer palavras reconfortantes, para dizer que vai ficar tudo bem, para acolher as tristezas e infelicidades - me fez ter noção de que as outras pessoas também não vão ter ninguém nesses instantes. E ser psicóloga é como dar a outras pessoas o que eu gostaria de ter nesses momentos, às vezes algo que eu daria tudo para receber: acolhimento, uma escuta ativa, um abraço apertado, um ombro para chorar.

Claro que a relação terapêutica é totalmente diferente de receber essas coisas de um amigo, de um parente, de um familiar, mas já é alguma coisa significativa estar ali pelo outro. Escolher estar ali por outra alma. Eu não tinha me dado conta do poder disso até me ver totalmente sozinha depois de terminar um longo relacionamento, ou até me ver rodeadas de pessoas que eu não podia realmente falar sobre como eu me sentia, seja por não me sentir segura, pelo medo do julgamento ou por não querer sobrecarregar quem estivesse do meu lado. 

Então caiu a ficha de que “caramba, as pessoas estão sozinhas e eu posso fazer alguma coisa de útil com a minha vida para facilitar a jornada delas”. E eu entendo como é lutar algumas batalhas só com uma espada, a roupa do corpo e um monte de machucados sangrando e você à beira de um colapso nervoso sem nem ter forças para ficar de pé.

Acho que hoje em dia, parar para escutar de verdade um outro ser humano é raridade, é um evento cósmico raro, é algo incomum e precioso hoje em dia. Valorizo muito quem guarda o celular para conversar com outro ser humano. Claro que terapia tem mais do que apenas escuta ativa e acolhimento; a gente também trabalha estratégias, ferramentas, psicoeducação & um bocado de ações práticas para resolução de problemas, desenvolvimento de habilidades emocionais & cognitivas e planos para a construção de um presente mais leve e um futuro mais consciente.

Mas acho que a parte de suspender os seus próprios julgamentos, juízos de valores, conceitos e convicções pessoais para entrar no mundo do outro, é a parte mais “trabalhosa do processo” para a maioria dos profissionais, acredite em mim. Acho que ver a outra pessoa no seu pior momento, na sua pior versão daquela semana, no seu maior instante de desespero, e continuar enxergando que ela não é só isso, e continuar acreditando que ela continua sendo um ser humano, e continuar vendo que ela não é um “caso perdido” e que ela é mais do que todas as coisas que aconteceram, mais do que todas as emoções que ela sentiu, mais do que todas as reações que teve… caramba, isso não tem valor que pague.

Acho que não tem curso que ensine e diploma nenhum que compre isso.

E só aprendi isso depois das pessoas que mais se diziam “humanas” da minha vida me darem pedradas que até hoje doem.

Aos meus pacientes e clientes, vocês são pessoas corajosas. Antigamente eu defendia - exaustivamente - a bandeira de que terapia é para todo mundo, todos têm que passar por psicólogo, todas as pessoas precisam fazer terapia e blá blá blá. E eu ficava eu lá, insistindo para todo mundo comprar essa bandeira e militando sobre a causa. 

E não. Terapia não é para todo mundo. 

Só faz terapia quem é corajoso, e quem carrega coragem de sobra dentro de si. Coragem de encarar as suas imperfeições de frente; terapia é para quem está disposto a reconhecer as suas falhas, seus erros, seus equívocos e tentar tirar o máximo de aprendizado, lições e melhoria disso, é escolher conscientemente fazer algo de bom com tudo o que nos acontece, é um jeito de reconhecer que não se dá conta de tudo sozinho e isso não torna ninguém mais fraco ou menos capaz, apenas humano. 

Fazer terapia é lidar com seus demônios e convidá-los a dançar; significa também olhar para as nossas luzes, para àquelas coisas boas que carregamos dentro de nós e que nem a gente mesmo reconhece, quem dirá o mundo. Eu admiro quem escolhe olhar para os traumas do passado; quem abre espaço para falar dos seus maiores medos e angústias, quem revisita a infância em busca de cura, quem se dedica a olhar para as suas próprias feridas e hematomas com um pouco mais de carinho e gentileza.

Então me desculpem, não são todas as pessoas dispostas a fazer isso, porque isso pede coragem, humildade, paciência e valentia. E nem todos são valentes a esse ponto, e não julgo. Cada pessoa tem o seu momento de vida e todos sabem onde a dor aperta. Mas aos que conseguem, vocês tem o meu eterno respeito.

Mas preciso falar uma coisa sobre a gente que é psicólogo.

A gente também sangra. A gente também chora. A gente também tem insônia e noites mal dormidas. A gente se estressa e perde as estribeiras de vez em quando. A gente também tem dias que quer desistir de tudo e jogar a toalha. A gente é tão humano quanto vocês. A gente também tem defeitos, medos & traumas. A gente também tem fases ruins.

Não esqueçam disso.

Por muito tempo, eu comprei essa ideia de “psicólogo tem que ser perfeito e impecável”. Mas antes de ser psicóloga, eu sou humana; não sou uma máquina, um robô. Por isso, eu não sou empática 100% do tempo, de vez em quando julgo mais do que escuto, não consigo ser completamente compreensiva em todos os momentos da vida, cometo erros e deslizes, mas se tem uma coisa que eu faço o tempo inteiro é tentar ser um bom ser humano.

Obrigado. 

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