Perdi as contas de quantas vezes eu tentei retomar a criação de conteúdo no Instagram e simplesmente abri mão de continuar ao londo caminho. De vez em quando eu volto e mantenho a frequência por alguns poucos dias, no máximo até uma semana e dificilmente mantenho esse mesmo ritmo, não porque eu não tenha capacidade, habilidade ou força de vontade, mas simplesmente PORQUE EU NÃO QUERO.
Eu sempre digo a mim mesma que a experiência vai ser diferente, melhor e não vou me sentir estranha usando a ferramenta de maneira profissional, mas sempre traz à tona a mesma sensação de sufocamento, falta de privacidade e desconexão do meu verdadeiro propósito. Toda tentativa eu tenho cada vez mais a certeza de que criar para o Instagram é cansativo, exaustivo e não está nenhum pouco alinhado com a minha essência, meu propósito ou minhas intenções.
E nesse post vou compartilhar os principais motivos que me fizeram abrir mão do Instagram como “ferramenta” de trabalho, lembrando que não desisti porque não tive resultado, pois, sim, eu tive; e foram resultados incríveis e surpreendentes que jamais imaginei que seriam possíveis, mas que não foram o bastante para me fazer querer continuar.
1. É tudo muito rápido e superficial
Eu gosto de coisas profundas, detalhadas e intensas. Eu não me dou bem com essa pressa, essa necessidade de fazer tudo na velocidade 2x e em precisar me encurtar para caber em um reels de 30 segundos simplesmente porque as pessoas não têm paciência para assistir um conteúdo que tenha mais de 1 minuto. É como a plataforma funciona? Sim, mas não é como eu quero funcionar, e sim, eu tenho essa escolha e você também. Essa rapidez alimenta ainda mais o nosso imediatismo & impaciência diante da vida; e eu não quero jamais ser a pessoa que alimenta essa pressa na vida das pessoas. Eu amo fazer as minhas coisinhas no meu próprio ritmo, respeitando meus processos internos, me dando mais tempo nos momentos em que preciso e entendendo os meus limites. Meu conteúdo é para pessoas profundas e intensas, como eu.
2. As pessoas querem “perder” tempo lá
O Instagram é uma rede social de entretenimento onde as pessoas se refugiam quando estão entendiadas, com tédio e sem nada para fazer. Elas estão ali tentando se divertir, fugir dos problemas, camuflar o dia ruim que tiveram, afogar suas frustrações e mágoas com reels engraçados e memes, para tentarem se sentir um pouquinho melhores, mesmo que de maneira rasa e superficial. Por isso é muito cansativo tentar “vender” algo sério, profundo e importante quando as pessoas já tem essa mentalidade enraizada; as pessoas não dão muita atenção se eu começar a falar sobre a importância da psicoterapia no nosso processo de cultivar mais bem-estar e saúde mental, mas se eu postar um vídeo fofo de gatilho, é certeza que vou atrair muitos olhares. Eu não quero ter todo esse trabalho de “convencer” as pessoas de algum ideal, propósito ou mensagem que carrego e é importante para mim. Meu papel não é convencer ninguém de nada. Afinal, quem sou para tentar enfiar alguma coisa goela a baixo para alguém?
3. É sufocante “basear” o meu trabalho em uma rede social
As pessoas dizem que trabalhar & empreender com redes sociais é liberdade, mas para mim é o mesmo que viver em uma prisão. Que liberdade há em depender de uma rede social para ter um sustento, um trabalho, uma profissão ou criar o seu legado? É ansiogênico basear todo meu esforço, dedicação, comprometimento e energia para construir algo em uma rede social que eu não tenho o menor controle, que a qualquer momento pode sofrer alguma mudança, que a qualquer instante tudo pode se perder. Projetos, objetivos, carreiras, profissões e trabalhos são muito mais do que uma rede social. Todos os dias ter a obrigação e a necessidade de postar, porque se não o algoritmo para de mostrar os seus conteúdos é viver acorrentado. Durante muitos anos, eu vivi assim, carregando essa preocupação, essa angústia, esse receio, e posso afirmar, não vale a pena. Tenho pânico de me imaginar baseando todo o meu esforço e a minha carreira em uma rede social, isso significa se fechar para um milhão de outras oportunidades. Todas as pessoas de sucesso não tem essa estratégia tão limitada e rasa.
4. É repleto de Ghost Views
Eu já criei um post falando sobre Ghost View e você pode lê-lo clicando aqui; a tradução para esse termo seria Observadores Fantasmas, e o que seria isso? Pessoas que não estão nem aí para o que você faz, o que você fala, o conteúdo que você cria, mas estão ali apenas para observarem o que você está fazendo, mas sem nenhum interesse genuíno em você. São pessoas que não vão interagir, agradecer, curtir, responder, trocar ou qualquer ação em relação a você. Sabe aquele vizinho que não te dá nem bom dia, mas que fica na janela bisbilhotando tudo o que você faz? É basicamente isso. São pessoas que não tem nenhum interesse real ou objetivo de te acompanhar, aprender com você ou se desenvolver com o seu conteúdo, mas são fantasmas que te usam para se distrair da possível vida chata e tediosa.
5. Não tem privacidade
De um tempo para cá, a minha privacidade tem sido uma das joias mais preciosas para mim. Claro que ainda pretendo gravar alguns vlogs mostrando meu dia a dia como psicóloga e minha rotina mais a fundo no canal, mas não é algo que eu vou partilhar de imediato, como acontece no Instagram, onde você tira a foto e já posta nos stories e todo mundo começa a fazer parte do seu “momento íntimo”. Viver os meus instantes com presença, intencionalidade & totalidade se tornou um dos meus lemas de vida, porque parece tão injusto interromper o que estou fazendo apenas para registrar para outras pessoas, que são muitas vezes apenas observadores fantasmas, aquilo que é tão importante e significativo para mim. Depois que abandonei o Instagram, tenho tido muito mais respeito pela minha privacidade e isso tem ajudado muito a estar mais presente e inteira nas minhas tarefas cotidianas.
6. O sucesso é construído off-line
Eu sou uma das grandes defensoras do lema de que o sucesso é construído off-line, e se você está usando o digital como principal porta para construir uma carreira sólida, talvez isso te traga muita insatisfação e cansaço nessa jornada, porque primeiro construímos algo aqui fora, com muitos anos de estudo, prática, dedicação, erros & falhas, até acertarmos em algum momento, e então temos a bagagem para levar isso para o online. A maioria das pessoas reais, verdadeiras e genuínas tem uma bagagem admirável e incrível no mundo real, que chega um momento em que elas querem transbordar e levam para o digital, para dividir suas experiências, vivências e expandir ainda mais o seu trabalho.
7. A infoxicação é um veneno
Eu conheço pessoas que passam seus dias absorvendo absolutamente tudo o que veem no digital, e literalmente tudo o que dizem é: “você viu o que fulano disse?”, “você não acredita no que vi ontem”, “eu vi um post de uma arquiteta”, etc. Não tem nada de errado em consumir conteúdo na internet, porém a maioria faz isso de maneira passiva, apenas recebendo o que o algoritmo quer que elas vejam, o que elas veem é aquilo que outra pessoa está escolhendo para elas, e não fruto de uma decisão e escolha. Toda vez que abro o Instagram ou o YouTube, eu já tenho em mente o conteúdo que quero ver, o que eu quero pesquisar, já sei de quem será e por quê. Eu não permito que as coisas que consumo venham de uma aleatoriedade e acaso. Existem pessoas que fazem esse consumo de maneira passiva, e são as que mais se sentem desconectadas, perdidas & confusas, porque é como se elas estivessem comendo sem parar, sem pausas ou sem controle. Elas não usam um filtro interno para selecionar que tipo de conteúdo consomem. Eu não quero ser aquela que alimenta um consumo desenfreado de informação.
8. Os conteúdos morrem
E o último motivo que me fez abandonar o Instagram é que os conteúdos simplesmente morrem de após alguns dias ou quem sabe horas, e é como se todo o trabalho fosse para o ralo, e analisando todos os anos de estudo, graduação, aprendizado e desenvolvimento, isso parece ser bem injusto. Eu crio para inspirar, motivar e levar um pouquinho de leveza a vida de outras pessoas, e sempre que crio um conteúdo novo, sempre peço a Deus que essa criação alcance quem precisa, quem está pronto para receber e integrar esse conhecimento, e como permitir e abrir espaço para isso se os conteúdos no Instagram tem vida útil, e tem uma data de validade? Eu tive um reel que “viralizou” e chegou a mais de 200 mil visualizações, e depois de uns meses, ele simplesmente morreu. Ali no Instagram não é um simples conteúdo que crio, mas é uma parte de mim, de quem eu sou, dos meus aprendizados & da minha história.
Esses são os principais pontos que me fizeram repensar o uso que vinha fazendo do Instagram, principalmente em relação ao profissional, e espero que tenha ficado claro que esses são os meus motivos e razões, que dizem respeito a minha história e minhas vivências, mas espero que de alguma forma faça você repensar em como tem sido a sua relação com as redes sociais, principalmente o Instagram. Essa rede social não é a única que existe, e qualquer pessoa que te diga que ela é a única capaz de proporcionar resultados, É MENTIRA.
Tem o YouTube, newsletter, sites, Pinterest, Linkedin, Telegram, etc. Esteja nos lugares alinhados aos seus valores, estilo de vida e visão de mundo. Se você não se sente bem, confortável & inspirado fazendo uso de qualquer um desses espaços, talvez ele não seja para você, e está tudo bem; não é você que precisa se diminuir para caber ali.
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