Luana Galdino

registrando minha jornada

Luana Galdino
Oi, eu sou a Luana, e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando preciso de uma pausa ♡

Existem duas versões de mim aqui dentro

Há duas versões de mim.

Uma que acorda esperançosa, otimista & alegre por estar vivendo mais um dia, que consegue desfrutar de uma manhã ensolarada, que sabe que basta ouvir o barulho dos pássaros e contemplar um céu azul para agradecer por estar viva & respirando. Essa versão de mim acredita que a vida é bonita por si só e que existem muitos bons motivos para viver e continuar vivendo. Ela quer desfrutar e apreciar cada segundo dessa existência. Ela tem o sorriso leve, um olhar doce e uma voz tranquila.

É essa versão de mim que eu gostaria de ver todos os dias me encarando no espelho. Queria que fosse ela me trazendo sonhos para acreditar, amores para amar & sorrisos para dar. Gosto de quando essa versão está presente, dos momentos em que ela fica & não vai embora. Tenho a sensação que os pesos se desfazem e os nós da garganta se desatam. Parece que a vida ganha rumo, propósito e direção. Essa versão otimista de mim adora acordar dando bom dia para os gatos, gosta de sentar no sofá para tomar o seu café gourmet & ama abrir as cortinas para deixar o sol entrar. Ela é o que há de melhor em mim.

E há outra versão. O meu lado sombra e treva. E de vez em quando, esse meu lado vence a batalha & toma conta de cada brecha e esconderijo da minha vida. Nesses dias, ela me faz não querer levantar da cama e muito menos ter vontade de viver mais um dia. Essa outra versão de mim me suga por completo até toda a minha luz virar um blecaute; ela me arrasta abismo abaixo de um jeito muito fácil que chego a me assustar. O tempo todo, essas duas versões de mim travam uma batalha e nunca sei quem vai sair vencendo ou perdendo, e o quanto vou sair machucada ou ferida mais uma vez.

Quando a minha versão menos favorita vence, eu viro o caos em pessoa; me deixo ser afundada por um punhado de sentimentos torturantes & pensamentos devastadores. Quando ela conquista seu pedaço de território em mim, deixo de acreditar nos planos que a minha outra versão otimista e feliz criou; deixo de me dar um voto de confiança e colocar qualquer pingo de fé em mim. Me olho no espelho e vejo tudo o que não gosto: um rosto amargurado, um olhar cabisbaixo e olheiras que dizem tudo.

Dentro de mim, virei um campo de batalha, com essas duas pessoas totalmente diferentes vivendo em guerra, com cada uma querendo estar no comando. A minha versão esperançosa acredita que consegue vencer os obstáculos do dia, ela acredita tanto em mim que passo a acreditar também; ela me dá o gás que preciso para enfrentar qualquer coisa ruim que o dia traga. É ela que me faz estar em movimento nos dias calmos e a desacelerar nos dias turbulentos.

Quando essa versão feliz está presente, eu desenho planos, objetivos & metas, defino meus hábitos, bato no peito e afirmo que posso dar um jeito, que tudo tem saída, me deixo ser inundada por esperança, eu planejo e organizo os meus dias como se quisesse fazer tudo ser intencional & bonito de algum jeito. Então a outra versão decide aparecer e tudo o que construí junto da minha versão otimista caí por terra. Essa versão sem vida de mim faz questão de lembrar que eu não consigo, que sou insuportavelmente fraca e que tudo pode dar errado, de novo, mais uma vez e novamente, então por que tentar? Poque acreditar?

Essa versão me engole por mais um dia e eu desisto de tentar, mais uma vez. É exaustivo. Nunca sei quem vai ganhar. A versão cruel diz que nunca vou conseguir sair dessa. Ela fica até não ver mais graça em me atormentar, ela fica até nada em mim ser interessante. Eu me rendo até ela decidir ir embora. Ela só vem quando descobre que tentei construir algo bom em mim, porque ela gosta de destruir todas as construções só para me ver em meio as ruína, escombros e destroços. É cansativo viver com essas duas versões de mim batalhando o tempo todo.

De vez em quando, eu tento ajudar a minha versão otimista e esperançosa a ficar por mais tempo. Eu realmente me esforço para que ela fique e permaneça. Mas nunca é o bastante. Faço isso porque é essa a versão que eu quero, é ela que merece estar aqui a maior parte do tempo; é ela quem eu quero que esteja presente na rotina. Algumas vezes, eu ainda tento sorrir, para não me esquecer do gosto dos sorrisos - mas a dor me engole viva, sem gentileza alguma, e então tenho certeza que não é o meu lado bom presente, é o outro.

Eu já não me sinto cansada, na verdade, venho me sentindo acabada, abatida e derrotada quando tento equilibrar essas duas versões de mim, e ainda mais moída, quando tento fazer a versão feliz vencer. É exaustivo sempre esperar pela manhã seguinte, esperar que o próximo dia chegue, porque dessa forma fica mais fácil acreditar que coisas boas vão vir, que tudo será diferente e que finalmente vou conseguir aproveitar ao máximo, então o dia recomeça, e você mal consegue levantar da cama, preparar o seu café ou lavar o rosto. E percebe que tentar mudar aquela realidade é mais exaustivo do que simplesmente desistir.

Me frustro toda vez que acredito no meu próprio potencial, e meia hora depois a versão mais triste de mim reaparece e me faz acreditar que não mereço nada, que nunca serei boa em qualquer coisa e que eu deveria desistir de tudo. Existem duas versões de mim aqui dentro, e não sei qual vai vencer por hoje.

Comentários

Formulário de contato

Ouça meu podcast 🎙️

Mande sua mensagem