*qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência.
Eu cheguei na vida adulta acreditando que o amor era para sempre, que quando eu o encontrasse, ele faria morada em mim sem data de partida. Sempre tive uma queda por filmes românticos, por histórias de amor & contos de fada. Achei que o final sempre terminava no feliz e ponto, mas ainda não era óbvio que aquele não era o final definitivo. Então entendi que depois de cada final feliz, existem as reticências, as continuidades e os fins de verdade.
Continuo acreditando no amor, e que tudo isso que aconteceu entre nós, foi obra do acaso, do inesperado e do universo tentando encaixar duas peças que não se encaixam. Continuo acreditando em finais felizes, mesmo o nosso não tendo sido feliz. A nossa história teve um punhado de amor, mas talvez não tenha sido o suficiente ou nós que não o cultivamos direito. Amamos um ao outro, mas não o bastante para um de nós dois querer ficar.
Eu odeio os finais. Odeio o fato deles deixarem um vazio no peito e um buraco na alma. Odeio saber que depois dos fins, não existe mais estrada para seguir e nem destino para chegar. Sempre tive medo da ideia de recomeçar a vida sem você, depois de um tempo isso parou de ser imaginação e virou um pedaço da realidade. Depois do fim, eu parti e você ficou, um amor pela metade, um amor inacabado, e um amor que não deu certo.
Talvez o nosso amor tenha dado certo enquanto durou. Pode ser que o amor que carregamos por tanto tempo, um pelo outro, tenha sido incompatível, e você não seja a metade da laranja, não seja minha alma gêmea ou sei lá mais o que. Eu odeio os finais porque eles me deixam com o gosto da saudade, e isso é pior do que tomar uma limonada sem açúcar. Os finais trazem tudo o que poderia ter sido e não foi, todas as lembranças que vivemos e que não voltam, todos os eu te amo que nunca mais serão ditos.
Detesto coisas pela metade. Sempre me senti mal pelos seriados que larguei pela metade, pelos treinos da academia que deixei incompleto, pelos cursos que nem se quer cheguei a começar, pelos planos que nem tirei do papel. O nosso amor é mais uma dessas coisas que ficou pela metade na minha vida. E agora quando me perguntarem sobre a gente, eu não sei se vou responder que a nossa história teve um final ou que faltou um.
Não sei em que momento nos perdemos um do outro, em que instante deixou de ser o nós e passou a ser apenas você & eu, duas pessoas vivendo vidas separadas, mas que se diziam juntas. Não me lembro em que esquina tropeçamos, e porque não conseguimos levantar logo em seguida. Esquecemos que éramos parceiros de vida e começamos a ser conhecidos que dividiam os mesmos lugares que frequentavam, que partilhavam a mesma cama, que faziam sexo quatro vezes por semana, que se aconchegavam no sofá para assistir a mesma série. Mesmo te conhecendo mais do que qualquer outra pessoa, é difícil acreditar que conseguimos virar dois desconhecidos dividindo os mesmos cômodos de uma casa que já não era mais nossa.
Eu achei que o amor tudo suportasse, que ele fosse o responsável por encontrar uma solução, por trazer uma saída, por dar um jeito em qualquer quadro torto na parede, por ajeitar qualquer bagunça, mas não. O amor não cura o que não é para ser. O amor não tira as partes ruins, ele não substitui as partes que doem, ele não arranca as partes que machucam. É engraçado, mas eu tinha esperança de que nenhum final fosse ser mais forte que o nosso amor, e agora que quebrei a cara, não acho mais graça nisso.
Agora eu não sei o que faço com as batalhas que o amor não venceu. Nem o que fazer com os finais que a nossa história nos deu, e nem o que fazer com as páginas em branco que ganhei depois do nosso adeus. E apesar de nós, eu continuo acreditando em histórias de amor e que talvez um dia eu tenha a sorte de viver uma diferente, de esbarrar em uma que não tenha um final e que haja só um começo, mas até lá, carrego dentro de mim a dúvida do que poderíamos ter sido e a certeza do que não fomos.
O amor não tira as partes ruins, mas nos ajuda a suportar as partes ruins. Ele não substitui as partes que doem, mas alivia a dor. Ele não arranca as partes que machucam, mas ajuda a cicatrizar os machucados. Ah, o amor! Uma utopia humana ou um dom dos deuses?!?? A propósito como sou da década de 80 adorei a citação que faz referência a música do Fabio Jr. :)
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