Luana Galdino

um pouco de tudo o que vivo

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Aprender a ser otimista: uma nova forma de se relacionar com a vida

Já começo esse post deixando claro que ser otimista não tem a ver com pensar positivo, o que a maioria das pessoas acaba associando quando ouve a palavra otimismo. Cultivar otimismo vai muito além do que acreditamos no senso comum.  Não significa viver no mundo da fantasia, acreditando em contos de fada ou passar os dias ignorando as coisas ruins que podem acontecer ou os riscos que corremos diante de certas situações.

Semana passada eu até escrevi uma newsletter sobre a minha tentativa de ser mais otimista em meio as turbulências do cotidiano e lidar melhor com o pessimismo no dia a dia; se você ainda não está inscrita na minha newsletter A Vida em Florescimento, te convido a conhecer esse espaço onde compartilho experiências, vivências & ideias sobre psicologia positiva e bem-estar. Clique aqui para se inscrever (relaxa que não mando spam).

Otimismo e pessimismo são duas maneiras diferentes de olhar os eventos e situações negativas e ruins da vida. São formas distintas de encarar os obstáculos e desafios que enfrentamos no dia a dia. Ou seja, é um conjunto de pensamentos, crenças e posturas que adotamos e abraçamos quando nos deparamos com a má sorte da vida.

Chamamos esse “olhar” de estilo explicativo, que é basicamente como explicamos a nós mesmos o motivo dos acontecimentos ruins que vivemos, acontecerem. Quando algo negativo acontece com você, quais explicações você dá para isso? O que passa na sua mente? O que você diz para si mesmo? Otimismo tem a ver com a maneira como enxergamos os contratempos, imprevistos e rasteiras da vida. E cada ser humano tem um estilo explicativo diferente. 

Em outras palavras, o otimismo tem a ver com o jeito que você explica a vida para si mesma.

E como muitas outras habilidades & características, o otimismo pode ser aprendido e desenvolvido por meio da prática e de ações direcionadas a isso, já que a nossa maneira de pensar sobre nós mesmos, a vida e coisas ao redor não é algo imutável; podemos sim escolher nossa forma de pensar e mudar gradativamente o nosso olhar sobre o que nos acontece - claro que isso não acontece da noite para o dia ou num passe de mágica.

A característica principal de pessoas pessimistas é acreditar que situações ruins vão se prolongar por muito tempo, que quando algo negativo acontecer irá atrapalhar toda a sua vida e acabam pensando que são culpa delas. Elas têm o hábito de acreditar que o negativo, como uma fase ruim, um momento desconfortável, um desafio a ser vivido, é duradouro, não tem uma solução ou saída e vai minar tudo o que for feito dali em diante. Esse é o olhar de um pessimista diante de uma situação desagradável e de um problema sendo enfrentado.

Muitas pessoas acreditam que ser pessimista é a mesma coisa que ser realista, e não. Nem sempre ser uma pessoa mais pé no chão e realista significa encarar as coisas com um olhar negativo, cruel & catastrófico, até porque nossa mente tem uma tendência de maximizar possíveis cenários catastróficos e focar exclusivamente nos aspectos negativos de uma situação. Ser realista é uma forma mais saudável de interpretar a realidade. 

Alimentar o pessimismo traz alguns efeitos negativos no nosso bem-estar, como o aumento do risco de ansiedade e depressão; pessoas com o estilo explicativo mais pessimista tendem a ruminar pensamentos negativos, o que leva ao aumento de sentimentos de desesperança e impotência diante de situações do cotidiano, prejudica a motivação e aumenta a chance de transtornos emocionais.

O pessimismo leva a pensamentos como “não adianta tentar”, “não vai funcionar mesmo”, “para mim nunca dá certo”. Essas crenças geram paralisia, autossabotagem e evitamento em relação aquelas coisas que são significativas e importantes da nossa vida. A pessoa desiste antes de tentar, ou não se dedica plenamente, acreditando que o fracasso é inevitável, o que desencoraja a ação e a persistência diante dos nossos objetivos. Chamamos isso de desamparo aprendido, o que vou falar um pouco mais adiante no post.

O pessimismo também afeta relacionamentos e prejudica nossa relação com outras pessoas, já que pessoas pessimistas podem interpretar mal as intenções dos outros, assumir culpas de maneira excessiva ou esperar que algo ruim acabe acontecendo em um momento; o que gera inseguranças, ciúmes e conflitos desnecessários nos vínculos afetivos.

Sem contar que o modo como pensamos influência diretamente o corpo. Ter um estilo explicativo pessimista afeta - e muito - a nossa saúde física, e atualmente existem diversos estudos científicos apontam que há maior risco de doenças cardíacas, a presença de um sistema imunológico mais frágil, menor qualidade do sono e níveis mais altos de cortisol (hormônio do estresse).

E o pior de todos os malefícios: o desamparo aprendido. Quando a gente começa a acreditar que não adianta tentar. Esse termo foi citado pela primeira vez pelo psicólogo Martin Seligman, considerado pai da psicologia positiva, ainda nos anos 60, em estudos que mostraram como, após repetidas experiências negativas, muitos animais simplesmente desistiam de tentar mudar a situação, mesmo quando já tinham uma chance real de conseguir.

E isso acontece com a gente também.

Quando passamos por frustrações seguidas, começamos a internalizar a ideia de que “não adianta tentar”, e vamos nos encolhendo emocionalmente, perdendo a iniciativa e a esperança. O desamparo aprendido é a reação de desistir, o ato de renúncia que vem da crença de que nada do que se faça tem importância. 

Claro que diante de um fracasso, uma decepção ou um imprevisto, todos nós ficamos chateados, tristes ou desamparados em algum nível, pelo menos por um tempo, porém quando temos o estilo explicativo pessimista, nos permitimos afundar cada vez mais nesse fracasso e isso pode nos levar a permanecer nesse desamparo por mais tempo. Os que carregam o otimismo dentro de si se recuperam mais facilmente de um momento desanimador & inesperado.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ser otimista não é fingir que tudo está bem ou usar frases positivas vazias, muito ao contrário. Construir uma vida com mais otimismo envolve comprometimento & dedicação. 

Otimismo, na psicologia positiva, é a habilidade de interpretar os acontecimentos de forma mais leve, específica e temporária, com abertura para agir e transformar.

E é aí que entra o conceito-chave: o estilo explicativo. Como expliquei anteriormente, o estilo explicativo é o modo como explicamos para nós mesmas os acontecimentos da vida, especialmente os negativos. Se tem uma coisa que percebi ao longo dos últimos meses é que eventos negativos e acontecimentos ruins acontecem na vida de todos nós, seja você uma pessoa pessimista ou otimista, mas não é melhor escolher lidar com cada um de maneira mais leve, saudável e resiliente?

O estilo explicativo é separado em três aspectos:

1. Permanência

A pergunta central aqui é: "Isso é temporário ou vai durar para sempre?"

  • Estilo pessimista (permanente):  “nada vai mudar”, “eu sempre fracasso”, “nunca vou conseguir”

A pessoa acredita que os problemas são duradouros, fixos, e que aquela situação ruim vai se repetir indefinidamente. Isso afeta a motivação e contribui para sentimentos de impotência.

  • Estilo otimista (temporário): “isso foi só um momento difícil”, “as coisas podem melhorar com o tempo”, “Foi só dessa vez”

Aqui, a pessoa reconhece que o sofrimento tem fim, e que as coisas podem mudar. Isso preserva a esperança e a ação. O otimista vê os problemas e eventos negativos como algo temporário.

Acreditar que algo é momentâneo te dá fôlego para tentar de novo. Acreditar que é para sempre pode te fazer desistir antes mesmo de recomeçar.

2. Abrangência 

A pergunta central aqui é: "Esse problema afeta toda minha vida ou só uma parte?"

  • Estilo pessimista (abrangente/global): “nada na minha vida dá certo”, “tudo está errado”, “minha vida é um caos”

A pessoa generaliza o problema de uma área específica para todas as áreas da vida, o que amplia o sofrimento e mascara o que está funcionando bem. Como se a situação ruim ou o problema fosse contaminando o que está fluindo e transformasse o que estava bom em uma catástrofe. 

Em resumo, abrangência tem a ver com o espaço que um problema ou dificuldade acaba ocupando na nossa vida.

  • Estilo otimista (específico): “essa parte da minha vida está difícil agora”, “foi só no trabalho”, “me senti mal naquele momento, mas o restante do dia foi tranquilo”

Aqui, o problema é localizado e colocado em perspectiva, o que permite lidar com ele de forma mais eficaz, sem se perder em generalizações. A abrangência tem a ver em como limitamos um problema a um contexto específico, sem estender para o resto da vida.

Entender isso ajuda por que, quando tudo parece ruim, o peso se multiplica, e nós mesmos acabamos fazendo isso em muitos momentos. Mas quando você consegue separar as áreas, pode agir com mais foco e esperança em direção à mudança.

3. Personalização 

A pergunta central aqui é: "Isso foi culpa minha ou havia outros fatores envolvidos?"

  • Estilo pessimista (interno): “A culpa foi toda minha”, “Eu sou o problema”, “Eu estraguei tudo”

Um pessimista se responsabiliza excessivamente, mesmo por fatores que estão fora do seu controle. Isso gera culpa, vergonha e autossabotagem. Normalmente a pessoa não consegue ver outras justificativas & causas para aquele contratempo.

Um problema, um sofrimento ou uma dor nunca tem apenas uma causa; se olharmos bem, veremos que há muitos fatores envolvidos.

  • Estilo otimista (externo ou equilibrado): “eu tive responsabilidade, mas outros fatores também influenciaram”, “esse resultado foi afetado pelo contexto”, “houve dificuldades além de mim”

Aqui, a pessoa reconhece que não controla tudo e que as falhas não definem seu valor. É um olhar mais justo e realista. O estilo pessimista tende a fazer atribuições internas para os fracassos, e esquece que sempre há outros fatores, contextos, situações fora do seu controle e pessoas ao seu redor.

Raramente a culpa é totalmente nossa diante de uma situação, e entender isso nos ajuda a assumir a responsabilidade de forma equilibrada, já que assumir tudo como culpa nossa apenas nos afunda, e não leva à mudança.

Com isso, você começa a perceber que não é a realidade em si que te derruba, mas o modo como você a interpreta.

Talvez até esse post você tenha acreditado que otimismo é ingenuidade, viver no mundo da ilusão e dizer frases afirmativas para si mesmo na frente do espelho, mas, na verdade, ser otimista é parte de como cultivamos inteligência emocional no dia a dia & enfrentamos as coisas ruins que nos acontecem no cotidiano. 

Ser otimista não significa fingir que a vida é perfeita e que tudo dará certo no final, mas entender que a vida tem sim suas dores, mas que você não precisa se fundir a elas.

A forma como você enxerga a vida pode mudar, e isso muda tudo.

Na psicoterapia positiva, cultivamos um olhar mais gentil e esperançoso sobre si mesma, sobre os outros e sobre o futuro. Isso não significa ignorar as dores ou fingir que está tudo bem, mas aprender a reconhecer os recursos internos que você já tem, desenvolver novas formas de interpretar as situações e abrir espaço para possibilidades mais leves, reais e possíveis. 

O otimismo, nesse processo, não é ilusão: é prática, é construção, é um jeito novo de caminhar pela vida com mais coragem, confiança e direção. E ele te ajuda a perceber que você não é o seu erro, nem o seu fracasso, nem a sua fase difícil.

Se você sente que está na hora de mudar o jeito de se relacionar com seus pensamentos, suas emoções e sua história, a psicoterapia positiva pode ser o seu próximo passo. Vamos juntas? Clique aqui para começar o seu processo de psicoterapia positiva comigo.

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