Luana Galdino

um pouco de tudo o que vivo

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Para todos os pedidos de desculpas que não vieram

Acho que, mesmo sem querer, eu fui acumulando nos últimos anos, alguns pedidos de desculpa que nunca ouvi e que jamais vieram até mim, e eu cansei de deixar eles se demorarem tanto aqui dentro do peito; cansei de pausar a vida e estar de prontidão para quando chegassem, mesmo sabendo que a maioria deles nunca me alcançaram antes, ou chegaram apenas quando eu já não estava esperando por nenhum deles e não importava mais.

E isso faz eu me perguntar se eu não os mereço, ou se existe algo tão soterrado em mim que os afasta tanto. Me pergunto se carrego algo que não é o bastante ou o suficiente em algum cantinho escondido da minha vida. Todos os silêncios que já recebi das minhas tentativas de amar me fizeram duvidar se todos os livros de desenvolvimento pessoal, autoajuda e psicologia que já li não foram, na verdade, em vão. Se todas as aulas sobre autoconhecimento que assisti no último mês não foram inutilmente sem razão.

Eu já errei muito nessa vida. Na verdade, eu sou a pessoa que carrega uma lista gigantesca de falhas & erros, aquela que se você olhar para o passado, vai se deparar com uma infinidade de arrependimentos e pesares, alguns mais amargos e outros menos cruéis. E mesmo se eu pudesse, jamais entraria em uma máquina do tempo para refazer as escolhas erradas da minha versão do passado, eu nunca toparia me teletransportar para corrigir as falhas da Luana menos consciente, de jeito nenhum eu mudaria os tombos e os joelhos arranhados que ela me deu. 

Embora, às vezes, eu diga que daria tudo para poder voltar um centésimo de segundo e mudar uma esquina que virei errado, ou uma palavra errada que disse em um momento inapropriado ou uma frase solta que deixei escapar de mim sem querer, mas não. Acho que não tem como evoluir sem esses momentos em que daríamos tudo para colocar a cabeça em um buraco e fingir que não existimos. Claro que eu já tentei escapar de todas as experiências embaraçosas da vida, e acho que fazendo isso, só me tornei uma espécie de fugitiva compulsiva de mim mesma e de todo o resto.

Os nossos valores precisam nascer de algum lugar, e os meus nasceram da dor que carrego do passado.

Sabe porque eu parei de tentar apagar o meu passado? Porque esse passado é o que me mantém no eixo; é o meu combustível secreto para fazer o certo hoje; é desse lamaçal ácido que pude entender os meus valores, princípios e as verdades que carrego tão firmemente dentro de mim. Isso é bom, e, ao mesmo tempo, horrível. Às vezes, tenho a sensação de estar carregando uma cruz pesada demais para os meus ombros, mesmo sabendo que Deus nunca nos dá um fardo maior do que podemos carregar.

É mais do que tentar corrigir erros, e compensar falhas, é mais do que tentar me acertar dia após dia, é um pouco mais do que remediar os meus deslizes. O lado ruim de carregar essa cruz é a cobrança excessiva que ela gera: “eu não posso errar mais”, “erros são inadmissíveis”, “viu como você é um monstro”. Isso diante de qualquer tropeço, por menor que seja. Dizer algo errado é o fim do mundo para mim, ter uma atitude equivocada é o mesmo que ter alguém me empurrando para a guilhotina.

Claro, eu tento muito ser compassiva comigo mesmo e esse apontamento de dedo acaba não durando mais do que alguns segundos - ou quem sabe minutos, e então volto ao meu modo de resolver tudo. Mas a verdade é que existe uma grande diferença entre errar por ser um enorme filho da puta e errar por estar tentando fazer o certo. E isso me salva de mim mesma e das culpas desnecessárias, porque eu sempre estou na segunda opção.

Eu falei tudo isso só para dizer que, mesmo a força de caráter da humildade vindo em 18º lugar no meu mapa de forças, nunca me incomodo de assumir que errei, que disse algo que eu poderia ter expressado de outra forma, que eu poderia ter me calado em vez de ter falado algo impreciso, que eu me enganei em algum jeito de pensar; é porque eu sei o meu lugar de insignificância na escala das coisas desimportantes, em outras palavras, eu aprendi a não me ver de maneira tão especial em um mundo em que claramente não sou. 

Não me importo de pedir desculpas um milhão de vezes seguidas se for necessário. Não me importo de tentar me corrigir das próximas vezes ou de tentar entender o que eu poderia ter feito de diferente. Tenho todo esse “trampo” porque me mata saber que eu machuquei outro ser humano. Eu me rasgo inteira em pedaços toda vez que isso acontece, mesmo sem ser de propósito ou querendo. Porque me sufoca saber que um pouco de mim foi a causa da dor de qualquer outra pessoa.

E por um segundo, eu também queria que as pessoas me pedissem desculpas pelas vezes em que elas também me machucaram, mesmo que não tenha sido intencional. Queria ouvir um sinto muito pela dor que elas também me causaram. Acho que ninguém que tenha passado pela minha vida e ficado tempo o bastante nela para ter um pedaço do meu coração, já tenha feito isso por mim. Todas às vezes, eu acabo esperando um pedido de desculpas que nunca vem, em nenhuma direção que eu olhe.

O último que recebi, veio tarde demais quando não era mais necessário.

E também acho que querer não é um poder forte o bastante para fazer milagres ou mover montanhas.

Hoje é algum dia do mês de julho, e posso dizer, gritar, escrever, sussurrar ou esbravejar, que eu cansei de sentir culpa por coisas que eu não tive a intenção de errar, ou melhor, de como as pessoas fazem eu me sentir ainda pior, ainda mais culpada, ainda mais acusada e condenada por algo que não foi genuinamente proposital; se até no direito penal existe dolo e culpa, e isso importa, por que na vida pessoal deveria ser diferente?

Esse é o pior tipo de culpa que alguém pode sentir, e eu cansei de dar esse poder a qualquer um que seja. Acho que finalmente entendi que aquilo que uma pessoa dá a outra pessoa é exatamente aquilo que ela consegue dar a si mesma quando está sozinha. Elas dão o que podem, e eu, por mais que seja um espelho delas e de todos ao meu redor, ainda continua sendo sobre elas, e não sobre mim.

Não me trate como monstro só porque você não aprendeu a ser gentil consigo mesmo. 

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