Luana Galdino

um pouco de tudo o que vivo

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Medo

Eu tenho medo de você ir embora como uma brisa suave que não faz alarde algum, sem aviso prévio, inesperadamente. Eu tenho medo de você ir como um furacão que leva tudo, que chega estrondoso e arrasta partes até então desconhecidas de mim. Não sei se suportaria a sua partida; dessa vez, eu tenho certeza que não.

Tenho medo das partes inteiras de mim se quebrarem novamente, essas que demorei tanto tempo para serem consertadas. Tenho medo de me ver em pedaços tão pequenos que seria quase impossível juntar todos eles de novo. Acho que encontrei em você o que faltava em mim, clichê eu sei, e sei que você até poderia ouvir de mim um que gay. Mas acho que me acostumei a ter você nos meus dias, nas minhas noites, nas minhas madrugadas, a dividirmos os mesmos cobertores, a mesma cama e o mesmo calor antes de dormir. Me acostumei a te chamar de amor & toda vez que falo, ainda parece uma novidade, uma surpresa, um presente. 

Em tão pouco tempo, você entrou & agora eu só quero que você fique, de uma maneira que nunca quis que alguém ficasse. E eu tenho medo dessa versão minha que te deseja tanto, e amo essa parte tua que também me quer tanto, não só com as partes boas, agradáveis e bonitas, mas também com as partes quebradas, remendadas e sacudidas de mim, não porque eu quero que você me salve do que eu carrego, mas porque eu quero dividir contigo todo os fardos que eu nunca tive coragem para dividir com outro alguém. Quero você para ser o meu conforto, o meu lugar comum, a minha segurança em dias ruins e em noites barulhentas, e o melhor: quero tentar ser o seu pedaço de céu. 

Mas eu ainda tenho medo. Medo de me abrir por inteiro e tudo isso me deixar com feridas maiores do que as cicatrizes que já possuo. Tenho medo disso tudo se transformar em uma batalha que vou fazer de tudo para ganhar, porque eu não sou bom em lutar batalhas que eu não consigo sair vitorioso.

Tenho medo de desenhar planos contigo e ver eles caindo por terra a qualquer instante sem um adeus prévio, sem uma despedida apropriada, sem estar preparado para o último olhar, o último beijo, o último toque. Tenho medo de qualquer discussão boba se transformar em uma partida, de qualquer conversa mais séria me fazer dormir virado para o outro lado da cama de novo.

Me curar de mim mesma e do meu passado não foi fácil. Estar bem de novo não foi uma resposta do céu. Não foi por um milagre dos anjos. Não foi um acaso inesperado ou um golpe de mágica, tão pouco posso chamar de sorte. Foi tijolo por tijolo até a minha última gota de suor, até minha última tentativa, até o meu último choro de desespero silenciar; foi tanto esforço para estar de pé outra vez e voltar a luta que agora o medo é um lembrete do que está em jogo e de que as fichas na mesa é cada pedaço do meu coração.

Esse medo queima tudo. Ele me incendeia como um fósforo que tem o poder de acender todos os outros sem muita dificuldade. E o tamanho desse medo que carrego deveria ser capaz de me fazer parar de algum jeito, deveria ser o suficiente para me fazer frear e dar passos mais pacientes, deveria ser o bastante para me fazer querer ir com mais calma, mas não. Ele só me faz ter certeza do que eu quero, e essa certeza pulsa e queima e incendeia e inflama mais do que o medo. A gente só sente medo pelo que importa.

E você importa. Mais do que muitas outras coisas na minha vida. Você foi conquistando seu espaço aqui no peito, aqui dentro de mim, nos meus esconderijos e nos segredos que nunca contei a mais ninguém. Você estava fazendo morada no meu jardim quando eu já tinha cansado de esperar flores, borboletas & aromas agradáveis. Acho que por isso estou morrendo de medo de deixar eu ser seu, desse jeito desarmado & indefeso. 

Tenho medo de te perder mesmo sabendo que não existe razão para isso. Tenho medo de te ver partindo mesmo tendo certeza de que te dou todos os motivos para você ficar, depois de um dia calmo ou de uma quinta-feira turbulenta. Tenho medo de você ver as minhas lágrimas dançando pela bochecha e não querer enxugar elas. Tenho medo de você se deparar com as minhas sombras e não ter paciência para adentrar cada uma delas com a sua coragem desmedida. 

Você tem sido a minha luz, e se amanhã você deixar de ser? 

Tenho medo de você me ver na minha fraqueza e não querer mais ficar, não nos meus dias ruins, mas nos meus dias tenebrosos, desses que fujo como se estivesse prestes a levar um tiro e que minha mente parece, de vez em quando, me empurrar em direção a eles. 

Você ainda vai continuar aqui quando ver que as minhas fraquezas tomaram conta? Você vai estar aqui quando eu cair de joelhos porque a vida conseguiu me derrubar mais uma vez? Você vai estar aqui se por acaso eu perder o dia de amanhã e não for forte o bastante para aguentar o dia depois de hoje?

E se eu acordar amanhã, e você tiver se tornado apenas uma memória, quem sabe a mais bonita e doce dos últimos anos? E se você morar só nos meus começos? Você não faz ideia do quanto tudo ficaria amargo, cinzento e borrado. Seriam mais mil anos para estar de pé novamente e mais um punhado de dor para juntar todos os pedaços despedaçados e triturados do meu coração. Você já deve saber que elas não fizeram o que você tem feito por mim, e isso faz eu ter medo de perder o que eu só recebi de você, a vida inteira.

Tenho medo, porque sou eu mesmo contigo, sem aqueles papéis da vida adulta, sem os personagens que já fingi ser para os outros, sem disfarçar meus incômodos acumulados do dia, sem esconder um olhar triste ou uma preocupação pequena. E me deixar ser eu mesmo contigo é ir contra as mesmas armaduras que demorei tanto tempo para construir ao redor de mim, é demolir o que me protege, o que me deixa minimamente são em meio a tanto caos e desordem que carrego.

E eu gosto, gosto muito de quem eu sou quando estamos juntos. Gosto de passar por cima desse medo por nós, gosto de estar inteiro para você mesmo carregando eles. E acho que nenhum punhado de medo me faria gostar menos de você ou menos de quem eu sou quando estou contigo.

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