Luana Galdino

um pouco de tudo o que vivo

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Porque você escolhe a cereja podre da cesta?

Parece que faz uma eternidade que eu não sento na frente do computador para escrever. Estou com a sensação de que a escrita fez uma pausa de mim e escolheu tirar um respiro das minhas tentativas de registrar o mundo da maneira que o vejo, ou esse tempo foi um simples grito de socorro da vida adulta; parece desconhecido e curioso o sentimento que me veio assim que abri o docs hoje, e todas às vezes anteriores que fiz o mesmo essa semana.

É engraçado o quanto a escrita se transformou, ou eu a transformei, em um casulo que adentro automaticamente toda vez que a vida me dá uma rasteira e me cansa aqui fora. Acho que a escrita é o meu único lugar-comum que posso chamar de seguro, silencioso e calmo. Talvez tenha sido por isso que eu não a visitei nessa última semana: a vida sorriu para mim de um jeito que me pegou de surpresa e me deixou desarmada.

E a escrita é uma armadura que visto quando preciso me defender da vida, do caos, das tempestades, seja deixando ela me esvaziar do que sufoca ou me dando um fôlego a mais. Nos momentos frenéticos, eu gosto de revisitar o que escrevo e o que saí de mim nesses momentos; já perdi a conta de quantas vezes um texto que escrevi me deu uma luz, um norte e uma direção quando me senti perdida, ou como a escrita já me acolheu quando não tinha ninguém para me dar um abraço apertado e ela me faz esse favor.

Eu precisei de longos anos cursando psicologia, outro bocado de tempo dedicado a leitura de infinitos livros de desenvolvimento pessoal e autoajuda (me julgue se quiser), e muito amadurecimento - forçado e coagido - para entender que não podemos, em hipótese alguma, confiar na nossa própria mente. De vez em quando, eu esqueço disso e então tudo fica a um centímetro de ser revirado do avesso.

A nossa mente não existe para nos trazer paz, conforto e serenidade, e eu já percebi que ela insiste em fazer exatamente o contrário, pelo menos na maioria das vezes. Eu até poderia entrar em uma discussão acadêmica explicando como a amígdala do sistema límbico é responsável por nos fazer detectar ameaças, problemas e perigos no ambiente, mesmo que não exista nada potencialmente perigoso acontecendo, numa tentativa de aumentar a nossa chance de sobrevivência, mas por hoje eu não estou a fim de incorporar a minha versão entusiasma por neurociência nesse post. 

Acho que lutar e enfrentar a nossa própria mente é um trabalho em período integral sem dias de folga, sem férias e até o último dia das nossas vidas. 

Nós temos duas mentes: a mente automática e a mente observadora. Nossa mente automática é a responsável por “criar” o que chamamos de pensamentos automáticos, que são pensamentos que aparecem na nossa cabeça sem que tenhamos controle ou sem que a gente escolha de fato pensar naquilo; é algo que não controlamos, são pensamentos que simplesmente aparecem. 

E temos também a nossa mente observadora, que pode ser definida como a nossa consciência. E o que é consciência? Essa capacidade que possuímos de focar em algo específico, de redirecionar nossa atenção para onde queremos, de observar o conteúdo dos nossos próprios pensamentos. 

Nossa mente automática é projetada para procurar, ver e enxergar problemas, mesmo que tudo ao redor esteja tranquilo, fluindo bem e acontecendo de forma positiva. Eu sempre estou travando algumas batalhas com ela, e às vezes saio vitoriosa e outras vezes, não. Algumas vezes esses pensamentos são tão devastadores, angustiantes e corrosivos que perco de vista a vida real e entro nesse abismo de lutar contra a minha própria mente.

Eu tento, e ninguém faz ideia de como. E assumo que nos últimos meses melhorei muito a relação com os meus próprios pensamentos. Não acho que a minha mente carregue o mesmo caos que antes, pelo menos não na mesma intensidade e muito menos com o seu efeito catastrófico e torturante. Para eles me derrubarem, exige muito mais esforço e persistência do que antes, embora de vez em quando eles me vençam pelo cansaço.

De vez em quando, eu me deixo ser derrotada por eles e quando percebo, minha mente automática me paralisou com seus inúmeros pensamentos sobre o futuro, alguns com altas doses de catastrofização, outros carregando medos irreais do que vai acontecer, muitos me fazendo imaginar cenários horríveis que não vou dar conta ou suportar. Se eu me permitir, mesmo que por um segundo, me perder nesse fluxo de pensamento, a vida - ou como eu a vejo - se torna amarga, cruel e ruim, mesmo que eu esqueça que estou apenas pensando.

Eu odeio a maneira como eu dou pesos desproporcionais as coisas que acontecem comigo no dia a dia, e detesto quando as pessoas fazem o mesmo e eu percebo que elas estão fazendo isso. Ainda é muito difícil, mesmo sabendo que é um exercício diário, enxergar as situações do cotidiano como neutras e entender que sou eu que atribuo a cor, o brilho, o tom, que elas terão. Queria que isso fosse tão mais simples como o tanto que parece escrevendo ou falando, mas na prática, é um inferno.

Nossa mente automática é fundamentada no viés da negatividade, uma tendência natural que todos nós carregamos: a tendência de olhar com mais facilidade para o negativo do que para o positivo; às vezes o bom passa despercebido, mas o ruim, nossa, é capaz de tirar a nossa paz de espírito por dias. Nos incomodamos mais pelas coisas que perdemos do que as que ganhamos. Somos mais afetados pelos fracassos do que pelos acertos.

Procurar as coisas boas pela vida, os eventos positivos, se tornar consciente do que está dando certo, das coisas que estão prosperando & evoluindo exige esforço e comprometimento, porque é algo que nossa mente não faz de forma habitual e espontânea. Ela sempre vai se lembrar daquele detalhe que não saiu como planejado, daquela frustração que aconteceu, daquele imprevisto incontrolável, daquela circunstância minúscula, de uma vírgula que ocupou o lugar errado.

E qual o espaço que a infinidade de coisas boas que estão acontecendo o tempo todo conosco ocupa? 

Não sei a sua resposta, mas sei que na minha vida, eu preciso me obrigar a dar esse espaço para as coisas boas, mesmo a minha mente automática falando para eu fazer exatamente o contrário e me dizendo que se eu não estiver de prontidão esperando o pior vida, eu sou boba e idiota. 

Não confie totalmente nos julgamentos da sua mente, e nem nas interpretações que ela faz das coisas que te acontecem. Na maioria das vezes, ela está equivocada e enganada; às vezes, as coisas aqui na vida real não são como a sua mente faz parecer que é. Mas ela está lá, batendo na mesma tecla e te enchendo das mesmas inseguranças, preocupações & receios sem permitir que você enxergue outros pontos de vista, outras interpretações e veja a mesma coisa, por um outro ângulo totalmente diferente.

Eu me obrigo TODOS OS DIAS a não escolher as cerejas podres da cesta, embora de vez em quando seja exatamente isso que eu faça, mesmo sabendo e vendo que 98% do resto das cerejas da cesta são boas. Essa é uma metáfora para explicar aqueles momentos em que concentramos nossa consciência, nosso foco e atenção nas coisas mais insignificantes possíveis sem levar em consideração todas as coisas boas que já existem; às vezes, ser alguém mais racional significa simplesmente buscar enxergar uma mesma situação por ângulos e perspectivas diferentes. 

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