Luana Galdino

psicologia positiva & bem-estar

Luana Galdino
Oi, me chamo Luana e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Eu queria morar nos começos

O mundo é repleto daqueles que procrastinam o começo, o primeiro passo, a primeira tentativa. Há quem carregue a dificuldade de começar. Eu não. 

Eu amo os começos e uma parte de mim queria poder fazer morada neles por mais tempo do que eles costumam durar. Nunca sei o que vem depois dos começos, e muitas vezes eu não queria pagar para descobrir, mesmo sabendo que não tem um outro jeito. É preciso muita coragem para descobrir o que vem depois deles, porque não há atalho mágico que nos faça ver o que vem pela frente. Por isso os começos me encantam. 

Eu queria morar na gentileza dos começos, no tom inocente e ingênuo que eles têm. Queria poder me abrigar nas primeiras conversas, nas primeiras mensagens, nas primeiras trocas de carinho, na vulnerabilidade dos afetos. Eu daria tudo para não precisar sair da delicadeza dos começos, de quando tudo ainda é fácil, simples e descomplicado.

Queria guardar em mim as sensações dos começos; não apenas o gosto de novidade e a paixão dos inícios, mas também as primeiras palavras gentis, as declarações românticas, os apelidos carinhosos, o apreço de cada frase, a entrega de cada momento, os textos longos. Queria gravar na pele, no coração, na mente, cada verbo, cada toque, cada memória, cada declaração, para que nenhuma dessas coisas fugisse de mim mais tarde.

Mesmo sabendo que a gente se acostuma, que a gente normaliza, que a gente torna aquilo parte do nosso novo comum, eu queria para sempre a beleza dos começos. Para mim, eles nunca se vão por completo, eles nunca partem por inteiro. Acho que uma parte deles ainda permanece em mim; eu ainda tenho o hábito de voltar às conversas antigas, deixar registrado como favorito o primeiro oi, passar uma vez por mês nas primeiras fotos. Não faço ideia se fazer isso mata a saudade dos começos ou me deixa ainda mais nostálgica por saber que eles não podem mais se repetir, nunca do mesmo jeito. 

Um pouco disso é o que me faz estar tão atenta a quando o novo se aconchega na minha vida. Um novo livro. Um novo projeto. Um novo sonho. Um novo objetivo. Saber que esse começo um dia vai se tornar apenas uma memória e uma lembrança me faz querer aproveitar o máximo que posso, me faz desejar desfrutar de cada segundo, porque os começos também chegam ao fim, a gente querendo ou não. De vez em quando eu paro, olho para algo que está acontecendo e penso: “um dia isso daqui vai ser uma doce ou amarga memória”. E não saber se será doce ou amarga, não me assusta, pelo menos não mais.

O importante é como as coisas se apresentam no momento presente para mim, e nem tanto como elas serão no futuro. Tenho certeza que a minha versão do futuro vai conseguir encontrar um jeito de lidar com tudo, de um jeito ou de outro.

Acho que esse texto é só um lembrete, de mim para mim mesma, de que os começos passam, alguns rápidos demais e outros mais demorados do que imaginei, e essa passagem dói e machuca, mesmo que em proporções diferentes. Não é hoje que vou conseguir fazer morada neles e tudo bem; acho que me acostumei a isso. 

Gosto dos começos porque eles não machucam da mesma maneira que tudo o que existe entre o meio, o fim, a continuidade, a sequência e o desenrolar dos fatos machuca. Gosto de como as coisas são no começo: meio inofensivas e misteriosas. Elas ainda são cristalinas antes da gente mergulhar fundo e ver o que existe para além da superfície, para além do que os olhos conseguem ver e o coração consegue sentir. Na maioria das vezes, eu acho que prefiro a maneira como as coisas começam do que como terminam. 

Acho que no começo das coisas, a gente consegue muito bem fingir e controlar ao nosso favor; fingir que somos de um jeito, fazer o outro acreditar nos nossos disfarces e ir desatando o nó aos poucos. Na verdade, acho que nos começos inventamos uma versão nossa que gostaríamos de ser dali em diante, mas é uma versão que muitas vezes não conseguimos sustentar por tanto tempo assim, nem para nós mesmos ou para os outros.

Faz tanto tempo que eu queria revisitar alguns começos, e não pense que são começos de coisas do passado muito distante; na verdade, me surpreendo como é sobre coisas que fazem parte de um passado recente, de dias atrás, de semanas atrás e até de meses atrás, porque os primeiros dias, os primeiros anos, os primeiros meses são sempre os melhores, de tudo. A graça da vida está nas coisas que começam e de como damos início a elas. 

No começo, quase todo mundo veste a sua melhor roupa, mostra o seu melhor sorriso, oferece a versão mais bonita de si mesmo. No começo, quase tudo é encenação. Acho que gostar tanto dos começos tem a ver, principalmente em acreditar nas mentiras que nós contamos a nós mesmos e por um segundo, acreditar que elas são pura verdade, viver nessa bonita ilusão de que a continuidade será igualmente doce, amável e afetuosa.

E lá estarei eu, me perguntando onde foi parar as mesmas sensações, as mesmas palavras, as mesmas frases bonitas, as mesmas motivações que estavam presentes, os mesmos gestos atenciosos. Fico com a sensação esquisita de que visitei coisas tão bonitas que nunca mais existiram fora dos primeiros dias, que de alguma forma, se perderam pelo caminho & sinto falta disso.

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