2025 foi intenso. Mais do que todos os outros anos. Mais do que todos os outros momentos da minha vida. Por um segundo, eu perdi o chão, perdi a sustentação e qualquer terra firme para colocar os meus pés, e então Deus criou o caminho & fez tudo novo. 2025 me arrancou mais lágrimas do que sorrisos, mais memórias ruins e arrependimentos do que vitórias e comemorações. Eu me perdi, de mim, dos meus valores, da minha luz. Fui arrancada do conforto e jogada em um lugar totalmente incerto e devastador.
Fiquei semanas mergulhada em desesperança, remoendo as tempestades, relembrando as dores, me culpando pelos pecados, me julgando a ponto de não conseguir enxergar nenhuma brecha de claridade ou qualquer sinal de que tudo poderia melhorar e ser diferente no futuro. Até um determinado momento, eu me “desapossei” da minha fé. Todo mundo falava para mim de uma luz no final do túnel, mas que eu não conseguia enxergar por mais que tentasse.
Meu 2025 começou com uma grande reviravolta: eu terminei um casamento de 6 anos. A única coisa que não esperei que fosse acontecer, que na verdade, acreditei que nunca fosse acontecer, se tornou real, e com isso, toda uma enxurrada de dor & sofrimento. Tudo o que eu tinha para recomeçar foi um coração partido e alguns móveis que poderiam simbolizar e facilitar um novo ciclo. A partir daí, uma nova vida começou.
Próximo da minha família de origem, em um bairro conhecido, voltando ao mesmo lugar de sempre, em uma casa pequena, cuidando de mim sozinha. Tive que aprender a estar sozinha de novo, a acordar sem um bom dia, a cozinhar apenas para mim, a lavar minhas próprias roupas ao som do silêncio ao invés de alguma conversa aleatória de fundo, assistir um filme sem companhia, tomar café da manhã com meus próprios pensamentos. Foi como ter uma parte de mim arrancada. Foi como perder algo que me fazia ser quem eu era. Me vi sem a identidade de esposa, mulher, parceira & companheira. Fui obrigada a mexer os pauzinhos para me reconstruir, me reencontrar e me perdoar por ter me abandonado por tanto tempo. Foi um processo de adaptação.
Mas foi quando eu aprendi a ser forte e construir uma versão minha que eu posso dizer que amo. E vai por mim, quando a vida quer te fazer ser forte, ela não vai te perguntar se você quer ser forte, ela só vai lá e faz o que precisa ser feito. Ou melhor, Deus vai lá e nos coloca no fogo, mas não por tempo o suficiente para nos destruir, mas para nos moldar, nos purificar e tirar de nós quaisquer resquícios enraizados de feridas existentes. E eu não sabia, porém eu carregava uma infinidade de feridas, levava comigo um punhado de medos e angústias.
Eu jurava que eu não conseguia me virar sozinha, até descobrir que eu posso sim, mas não porque eu sou autosuficiente e independente, e sim porque quem me sustenta hoje é Deus, por completo; a força que há em mim vem dele, o que tenho de resiliência e resistência vem dele. E aprendi que a força de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza. Quando estamos quebrados, envergonhados e estilhaçados, Deus consegue nos restaurar inteiramente, nos transformar em uma nova criatura. E acho que a separação foi o impulso de Deus para eu descobrir por mim mesma que existe um mundo me esperando.
E no meio de toda decepção e amargura, Deus me direcionou para um novo plano: o tal do concurso público. E foi no meio do caos, lá em janeiro, que transformei esse plano em um propósito e em uma missão na minha vida; esse foi o primeiro objetivo que construí e estruturei com Deus sendo o meu guia, o meu orientador e mentor. Para estar alinhada a essa meta, eu precisei silenciar todos os barulhos e ruídos externos para ouvir somente o sussurrar de Deus para mim. Não fiquei consumindo milhares de conteúdos sobre, ou vendo vídeos no Youtube, ou seguindo infinitas pessoas que falam sobre isso. Coloquei no coração que só Deus me ouvindo nas minhas orações sinceras, preces e gratidões já era o bastante, e que ele poderia me direcionar para onde quisesse.
E isso trouxe paz. Consegui encontrar o meu método de estudo. Consegui organizar minha rotina de um jeito leve para fazer do estudo uma das minhas prioridades. Consegui encontrar um ótimo curso, bons mentores me guiando pelo caminho, maravilhosas ferramentas durante a jornada. Foi a primeira vez confiando algo 100% a Deus, e o melhor, ele agiu com tanto cuidado e zelo por mim - mesmo eu não merecendo um terço disso - que fez tudo se encaixar perfeitamente, me trouxe segurança & confiança, e se encarregou de tudo o que estava me deixando com medo e assustada.
Quando estava tudo indo bem, eu decidi me abrir novamente para o tal do amor e da paixão. Talvez esse tenha sido o meu maior arrependimento de 2025: ter me distraído por um segundo do que eu estava encarregada de cuidar e cultivar dia após dia. Eu caí no loving bomb (risos) Me sinto uma tola e imbecil. Deixei-me encantar por uma pessoa que se mostrou incrivelmente apaixonante no começo, alguém que parecia ser tudo o que eu desejava em uma pessoa: alguém carinhoso, romântico, engraçado, divertido, com bom humor. Tínhamos gostos, preferências e interesses parecidos. Era gentil e doce com as palavras, mas foi tudo enganação e manipulação.
Foi tudo mentira. Ele não era um terço do que se mostrou ser no começo. No fundo, ele era inseguro, imaturo, insensível e distante emocionalmente. Não queria alguém que o amasse, queria alguém que o servisse em todos os seus desejos & vontades. Fazia questão de me punir com indiferença, silêncio e desprezo em cada um dos nossos desentendimentos, que eram quase diários e por coisas insignificantes. Uma pessoa que não sabia sentar e conversar como adulto para resolver um conflito, que não conseguia me respeitar, respeitar nem mesmo o meu corpo, meu espaço, minhas emoções.
A pessoa que se dizia acolhedora, e gentil, era um monstro. Ele não se importava comigo e na verdade, eu acho que no fundo nunca se importou. Mesmo quando me via chorar, quando me via triste, me via pedir desculpa um milhão de vezes por coisas que ele fazia eu me sentir culpada, por coisas que ele conseguia tão perfeitamente virar contra mim, ele nunca se importou. Ele nunca deixou as próprias emoções de lado, como o orgulho, para me abraçar, para resolver, para dialogar. O jeito dele era fingir que eu não existia e voltar como se nada tivesse acontecido, enquanto eu estava lá com ansiedade e inquietação.
Mas eu aprendi muito com essa experiência.
Aprendi a parar de querer servir todas as pessoas que eu encontro pelo caminho. Aprendi que eu prefiro deixar a minha versão apaixonante e amoroso trancada a 7 chaves do que deixar ela livre, leve & solta. Ela me dá muita dor de cabeça. Aprendi tantas coisas que eu acho que esse assunto merece um post à parte com todos os aprendizados e lições - não caberia tudo aqui. Porém não machuca mais ter tido o meu coração quebrado novamente. Essa experiência me mostrou uma fraqueza minha e ponto. Como eu ouvi por aí: “são necessárias algumas lições para aprendermos a lidar com nossas fraquezas”.
Mas tirando isso, me tornei uma pessoa sociável. Uma das melhores coisas de 2025: eu saí da caverna. Foram 6 anos sem construir amizades ou ter pessoas que pudesse chamar de amigos, sem pessoas conhecidas para convidar para tomar um sorvete, ir no Mc, passear no parque, ir a um restaurante pela primeira vez, fazer eventos juntos & hoje eu tenho amizades que se tornaram extremamente significativas em pouco tempo. Eu me sinto sociável e comunicativa, e isso é diferente. É diferente ter pessoas com quem contar e dividir os seus fardos, e partilhar seus dias bons e também as coisas ruins da novela chamada vida.
Um dos caminhos que me permitiu construir novas amizades foi a igreja. E se tem uma coisa que sou imensamente grata a Deus nesse ano, foi ter encontrado a igreja que frequento semanalmente e que inclusive, me tornei membro. Um dos meus maiores anseios nos anos anteriores, mais especificamente no final de 2024, foi ter a oportunidade de achar uma igreja que pudesse ser “séria”, ou seja, que levasse os princípios, valores e preceitos de Deus a sério, e que eu não fosse apenas um número lá, mas que realmente pudesse somar e contribuir positivamente. Lá é um ambiente acolhedor, onde claramente se vê que as pessoas estão comprometidas com o Reino, em propagar um evangelho real e em estar em comunhão com Deus.
Foi lá que me deparei com pessoas tão especiais que se tornaram queridas. Me aproximei de amizades qu Deus foi colocando no meio do caminho.
Me tornei um pouco “fanática” pelo Palmeiras em 2025? Com certeza. Foi a primeira vez acompanhando seriamente e rigorosamente o Campeonato Brasileiro, o tal do brasileirão, e também as outras competições concomitantes que acabam tendo ao longo do ano. Foi demais para minha cabeça, e não vou mentir que quase entrei em colapso mental, mas foram experiências únicas todos os momentos em que chorei, sorri, gritei, me angustiei, lamentei com o Palmeiras. Foi um misto de revolta, com bastante comemorações & decepções, e nas semanas seguintes, estava eu lá vivendo tudo de novo. Eu até comecei a jogar Cartola, aí foi o ápice do estresse e uma cobrança absurda de estar acompanhando mesmo cada uma das rodadas.
Consegui tirar minha habilitação esse ano, e essa foi uma grande conquista. Na época, como eu estava enfrentando um momento caótico na minha vida, eu não consegui comemorar e nem celebrar essa conquista, e até hoje não fiz, apesar de ser algo que há muito tempo venho desejando e querendo.
Sou a pessoa dos memes, reels engraçados e das figurinhas do WhatsApp. Sou a pessoa que faz piada com coisas bestas e idiotas em uma conversa de bar, durante um jogo de futebol e um momento descontraído. E isso é estranho, porque eu sempre fui séria, a pessoa que não ri por causa do “politicamente correto”, que sempre falou para si mesma que precisava de alguém leve e engraçado para me completar, e agora eu me tornei assim, e desde então, a vida se tornou mais leve e aquele peso da vida adulta foi amenizando.
O versículo bíblico que marcou o meu 2025, que eu li lá no começo do ano, está escrito em Isaías 43:16-21. Foi uma resposta de Deus para os meus momentos de desesperança e incerteza quanto ao futuro. Esse trecho me deu esperança, fé & a convicção inabalável de que tudo poderia ser renovado, e ele realmente fez tudo novo. Não do meu jeito, mas do jeito dele, que acabou sendo mil vezes melhor do que eu poderia imaginar.
“Assim diz o Senhor, aquele que fez um caminho pelo mar, uma vereda pelas águas violentas, que fez saírem juntos os carros e os cavalos, o exército e seus reforços, e eles jazem ali, para nunca mais se levantarem, exterminados, apagados como um pavio: Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo. Os animais do campo me honrarão, os chacais e as corujas, porque fornecerei água no deserto e riachos no ermo, para dar de beber a meu povo, meu escolhido, ao povo que formei para mim mesmo a fim de que proclamasse o meu louvor.”
Aconteceram milhares de outras coisas que poderiam render boas risadas e algumas tragédias que poderiam arrancar algumas lágrimas, mas esse ano marcou, de uma maneira profunda, um novo recomeço. Fico me perguntando como algo pode ter sido tão doloroso e algo mesmo tempo tão transformador? Eu pude me deparar com uma força interna que eu nem sabia que carregava, com planos tão bons que me inspiram a continuar, aprendi a recarregar meu combustível em Deus.
Pela primeira vez em muito tempo, eu estou bem e feliz sozinha. E apesar de estar vivendo a minha vida sozinha, eu não me sinto sozinha. Amo minha solitude, minha rotina, meus hábitos, meus estudos, amo como planejo os meus dias, amo minhas semanas meio caóticas e turbulentas, amo meu treino na academia, amo minhas manhãs e os meus devocionais, amo os dias de jogo.
Ainda não sei se um dia estarei pronta para amar novamente, construir uma família, ter uma família para chamar de minha, para me abrir outra vez ao amor, para viver a rotina de casada e dividir a vida com alguém, e caso sim, quero que isso seja feito temendo a Deus e honrando seus ensinamentos e aprendizados. Não vou mentir que levo comigo um medo esquisito de amar de novo, de conhecer alguém, de me apaixonar por outra pessoa, de me abrir novamente e deixar alguém de fora descobrir as minhas vulnerabilidades, mas acho que Deus é o único que poderá curar as feridas que outros me deram com tempo, paciência e direcionamento.
A diferença é que agora eu quero alguém, ao invés de precisar de alguém.
Obrigado 2025.





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