Luana Galdino

psicologia positiva & bem-estar

Luana Galdino
Oi, meu chamo Luana, sou psicóloga clínica e aqui você encontra o meu diário virtual sobre cotidiano, reflexões, aprendizados e experiências que a vida me deu. Escrevo para dividir um pouco das coisas que amo, me inspiram e que me fazem feliz. Esse blog é um lugar de respiro para quando você precisar de uma pausa ♡

Fazendo as pazes com o tempo

Nas últimas semanas, eu tenho me permitido parar mais vezes, fazer aquelas pausas inesperadas no meio da rotina, respirar fundo algumas vezes quando percebo os pensamentos me levando para longe e que estou listando mentalmente as tarefas pendentes, não para o dia, mas para a semana, o mês, o semestre & o ano.


Eu sempre tive uma relação tóxica com o tempo. Acredito que eu e ele sempre estivemos em desarmonia, desequilíbrio & pé de guerra. Quando era criança, eu desejei me tornar adulta logo. Quando adulta, desejei que um milhão de coisas passassem rápido o bastante para não me deixar afetar pelo processo delas: foi assim com os estudos para o vestibular e a faculdade, e tem sido assim com cursos, projetos, objetivos, inglês.

Quando estou em um mau dia, parece hábito querer que os sentimentos ruins e desagradáveis passem voando, fiquem por pouco tempo e já cheguem com a hora certa de irem embora. A espera das coisas é angustiante para mim. Esperar uma notícia, esperar um projeto sair do papel, uma ideia amadurecer, um livro terminar, um filme acabar, aguardar uma resposta no e-mail, uma conversa acontecer. Eu me empolgo com os começos, mas entre o início e o fim, existe a continuidade, e é sempre nela que eu tropeço sem perceber.

Como sobreviver as esperas da vida? Desde esperar conseguir um emprego, passar em um concurso público, crescer um canal do YouTube, aprender um novo idioma, se desenvolver na carreira? Lidar com as esperas é lidar com as incertezas, dúvidas & anseios. Confiar no tempo é também confiar que existe uma ordem natural e inconsciente ditando os prazos, os ciclos, as épocas e os momentos. Cada coisa flui e acontece em seu devido tempo, mas e quando esse tempo é incompatível com as nossas expectativas?

E quando nada, ou quase nada, acontece no tempo que queremos? Como soltar o controle e confiar? Como deixar que as coisas que buscamos na vida cresçam, se expandam, crie raízes e se fortaleçam, quando somos nós que colocamos pressão para que tudo mude num piscar de olhos? Fazemos isso quando colocamos um hábito em ação e já queremos ver resultados imensuráveis na primeira semana, quando fazemos um milhão de pequenas tarefas relacionadas a projetos pessoais para ver o resultado ganhando forma na velocidade da luz, quando estudamos por horas e horas a fio que apenas nos levam a exaustão, cansaço e fadiga. Todos esses exemplos há uma coisa: PRESSA.

Para todos os processos da vida, a espera é uma coisa imutável. A mudança não é instantânea, mas ela será inevitável desde que tenhamos constância e consistência. Mais vale um punhado de paciência bem direcionada do que gastar até a última gota de gasolina acelerando, mesmo sabendo que isso não vai encurtar a distância até o destino.

Eu nunca entendi direito a minha pressa e birra com o tempo. Talvez eu ainda esteja aprendendo a lidar com os desconfortos da vida adulta, a ponto de querer que eles passem rápido, e sabemos que alguns processos são doloridos e chatos, mesmo tendo consciência de que apenas assim é que chegaremos a um objetivo ou sonho lá na frente. Eu infelizmente fui aprendendo a ver a vida a partir do ponto de vista da resolução de problema: a vida é composta de inúmeros pequenos problemas para resolver e encontrar uma solução para eles, dia após dia, semana após semana, mês após mês.

A minha pressa vem disso: de querer resolver tudo para ontem, de chegar em um momento em que todos os problemas se dissolveram por completo. Não há mais hábitos para implementar, livros para ler, cursos para fazer, projetos para concluir, melhorias para fazer, não há batalhas para vencer e nem guerras a travar. Mas sempre vai existir uma próxima coisa, e se eu for correr para lidar com cada coisinha que aparece, nova demanda, nova tarefa, nova etapa, talvez assim eu chegue ao final da vida com a mesma sensação de exaustão que sinto hoje. Não quero isso.


Eu sou o tipo de pessoa imediatista, impaciente e chata com prazos, que está aprendendo a desfazer a pressa e a correria, a me tornar mais presente, e principalmente a DEIXAR O TEMPO TRABALHAR EM PAZ.

Se o tempo aparece personificado na minha frente, com certeza seria para resmungar que eu sou uma chefe horrível, que sou uma péssima capitã por não deixá-lo fazer o trabalho dele em paz, por ser aquela que fica no pé o tempo todo perguntando E AÍ? TÁ PRONTO? ANDA LOGO. TÁ DEMORANDO DEMAIS. Mas eu juro que não faço isso por mal. Tentar controlar o tempo e obrigá-lo a funcionar na velocidade que espero dele, me dá uma falsa sensação de que tenho controle, que sei exatamente quando as coisas vão acontecer, como vão acontecer, porque irão acontecer e que vou estar preparada para elas, mas não.

Isso é ilusão.

Não posso controlar o tempo que as coisas ruins permanecem e nem que as boas ficam. Talvez um momento ruim dure algumas horas. Talvez uma frustração dure um dia. Talvez uma tristeza dure uma manhã inteira. Talvez um cansaço dure uns três dias. Talvez o desconforto se hospede por uma semana, as incertezas, talvez, por mais tempo. MAS A ÚNICA COISA QUE EU POSSO FAZER É DEIXAR O TEMPO FAZER O PAPEL DELE.

O tempo não vai passar mais rápido porque eu quero me livrar de uma sensação ruim, e nem passar mais rápido porque eu quero que um resultado bom chegue logo. O pior que vai acontecer é eu mesma me atropelar, me exaurir e torrar até a última gosta de combustível, e ainda assim o tempo não vai me obedecer e provavelmente o destino final ainda vai estar longe. Não adianta você encher a sua lista de tarefas, se atolar de coisas para fazer, sacrificar TUDO na sua vida, com pressa de chegar mais rápido, porque você não vai.

Quando você estiver distraída o bastante olhando o jardim e todas as belezas que existe nele, você vai olhar de canto de olho e ver a primeira mudinha saindo da terra. É assim com tudo na nossa vida: o processo das coisas é um mistério, e só vamos descobri-lo VIVENDO A VIDA COM CALMA.

Comentários

Formulário de contato

Ouça meu podcast 🎙️

Mande sua mensagem